Brasileiros Preferem China a EUA em Eletrônicos e Carros, Aponta Pesquisa

Uma pesquisa recente da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados revela uma mudança na percepção dos brasileiros em relação aos produtos fabricados na China e nos Estados Unidos. O estudo, divulgado em 1º de setembro de 2025, indica que a China é agora vista como superior na produção de celulares, computadores e automóveis, além de ser considerada mais inovadora e avançada em inteligência artificial.
Preferência por Produtos Chineses
A pesquisa, que entrevistou 2.005 cidadãos com idade a partir de 16 anos em todas as 27 unidades da federação entre 15 e 19 de agosto, mostra que 6 em cada 10 brasileiros (62%) preferem celulares e computadores chineses aos americanos. Apenas 30% dos entrevistados consideram as tecnologias fabricadas nos EUA superiores, enquanto 8% não souberam ou não responderam.
Essa preferência é ainda mais acentuada entre jovens de 16 a 24 anos (64%) e adultos de 25 a 40 anos (66%), bem como entre brasileiros que ganham até um salário mínimo (68%). No Nordeste, sete em cada dez pessoas preferem os celulares chineses aos produzidos pelos americanos.
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Disputa no Mercado Automotivo
No setor automotivo, a preferência pela China se mantém, embora de forma mais equilibrada. 47% dos brasileiros preferem os automóveis fabricados pelos asiáticos, enquanto 40% escolhem os americanos. A preferência por carros chineses é maior entre pessoas do Sul (52%) e nas faixas etárias de 16 a 24 anos e 25 a 40 anos (ambos com 50%).
Por outro lado, 47% das pessoas que recebem mais de cinco salários mínimos e 45% daquelas com ensino superior optam pelos veículos americanos.
Outros Setores
Enquanto a China ganha destaque em eletrônicos e automóveis, os Estados Unidos são mais bem avaliados na produção de roupas e na agenda espacial. Para 59% dos entrevistados, os americanos estão mais avançados na corrida espacial, enquanto 28% citam a China. Na indústria da moda, 46% preferem roupas produzidas pelos EUA, contra 41% que valorizam os itens chineses.
Culturalmente, os Estados Unidos também são vistos como mais atrativos por 47% dos entrevistados, enquanto 42% preferem a China. No entanto, quando se trata de inovação e tecnologia, a China é vista como mais avançada, especialmente em inteligência artificial.
A pesquisa também revela que 61% dos brasileiros preferem morar nos EUA, enquanto 25% escolheriam a China.
Análise e Implicações
Especialistas apontam que a percepção dos brasileiros sobre a China está mudando, com a associação do país asiático a um ciclo rápido de inovação aplicada, desde smartphones até veículos eletrificados e serviços alimentados por IA. Essa combinação reforça a leitura de liderança tecnológica da China.
Apesar da preferência por produtos chineses, o desejo de morar nos EUA ainda é maior, especialmente entre jovens de 16 a 24 anos (70%). Esse “dissenso” merece atenção de marcas, governos e estrategistas de mercado.
Contexto Econômico
A relação comercial entre Brasil e China tem se fortalecido nos últimos anos, com a China se consolidando como o principal parceiro estratégico do Brasil no agronegócio. Em 2023, a corrente de comércio bilateral foi de US$ 157,5 bilhões. No entanto, o Brasil ainda exporta principalmente commodities para a China, enquanto importa bens de alto valor agregado.
O Brasil tem buscado diversificar sua pauta de exportações e reindustrializar o país com a ajuda do capital chinês. A China, por sua vez, enfrenta desafios internos, como a superprodução, e busca investir em setores com potencial de desenvolver tecnologias.
Estados Unidos vs. China
Apesar da crescente preferência por produtos chineses, os Estados Unidos continuam sendo um importante parceiro comercial do Brasil, especialmente em bens de alta tecnologia e serviços. Em 2021, os países intercambiaram mais de US$ 20 bilhões.
A disputa entre EUA e China pela liderança global pode ser benéfica para o Brasil, que pode jogar com os dois lados e atender aos seus interesses nacionais.
A pesquisa da Nexus revela uma mudança significativa na percepção dos brasileiros em relação aos produtos chineses, impulsionada pela inovação e tecnologia. No entanto, os Estados Unidos ainda mantêm sua relevância em setores como moda, agenda espacial e atratividade cultural.