Xiaomi deve reduzir RAM em smartphones de 2026 devido a alta de custos, diz relatório

Relatório da TrendForce prevê redução de especificações em modelos de entrada e intermediários
Um novo relatório de mercado divulgado pela TrendForce indica que a Xiaomi e outros fabricantes de smartphones Android podem ser forçados a reduzir a quantidade de memória RAM em seus dispositivos a partir de 2026. A principal razão para essa mudança de estratégia é o aumento acentuado no custo dos componentes de memória, impulsionado pela alta demanda de data centers de inteligência artificial (IA). A TrendForce projeta que os custos de DRAM (Dynamic Random Access Memory), essenciais para o funcionamento dos smartphones, continuarão a subir ao longo do próximo ano, pressionando as margens de lucro dos fabricantes e forçando-os a repensar as especificações de hardware.
A previsão aponta para uma reversão na tendência de hardware, onde a quantidade de RAM era um fator de venda crescente, especialmente no segmento de gama média. Para manter preços competitivos, as empresas podem optar por diminuir as especificações de memória, o que impactaria diretamente a experiência do usuário em termos de multitarefa e desempenho geral do dispositivo. O relatório sugere que a Xiaomi, em particular, que popularizou a inclusão de 12GB de RAM em seus modelos intermediários, pode ter que padronizar configurações mais baixas.
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Aumento dos Custos de Componentes e o Impacto no Preço Final
O aumento dos preços da memória DRAM é um fenômeno impulsionado por uma mudança estratégica na indústria de semicondutores. Os principais fabricantes de chips de memória estão priorizando o fornecimento de produtos de alta capacidade para data centers e projetos de IA, onde a demanda é robusta e os lucros são maiores. Isso resulta em uma escassez de suprimentos de memória convencional para eletrônicos de consumo, como smartphones e laptops, e leva a um aumento de preços para os fabricantes de dispositivos finais.
De acordo com a TrendForce, o custo da DRAM deve continuar a subir significativamente no início de 2026. Esse aumento de custo de material (BOM) afeta diretamente o preço de varejo dos smartphones. Diante desse cenário, os fabricantes têm duas opções principais: aumentar os preços de seus produtos ou reduzir as especificações de hardware. A Xiaomi já sinalizou que planeja otimizar seu mix de produtos e aumentar o preço médio de venda para compensar o aumento dos custos de componentes. No entanto, o relatório sugere que a redução de especificações de RAM também será uma alavanca importante para manter a competitividade.
Redução de RAM em Diferentes Segmentos de Mercado
A TrendForce detalha o impacto esperado da redução de RAM em diferentes segmentos de mercado. Para os smartphones de entrada, a previsão é que os fabricantes voltem a padronizar 4GB de RAM, em contraste com os modelos atuais que frequentemente oferecem 6GB ou 8GB. No segmento de gama média, onde a Xiaomi é um player dominante, as configurações de 12GB de RAM podem se tornar raras, com a maioria dos modelos limitando-se a 8GB.
Para os modelos topo de linha (flagships), a tendência de transição para 16GB de RAM pode desacelerar. O relatório sugere que os fabricantes podem manter as configurações atuais de 12GB em seus sucessores, em vez de aumentar a capacidade. Essa estagnação nas especificações de RAM representa uma mudança significativa na estratégia de mercado, que historicamente tem se baseado no aumento constante de especificações para atrair consumidores.
O Papel do HyperOS e da Otimização de Software
A Xiaomi tem investido em otimizações de software para melhorar o desempenho de seus dispositivos, o que pode mitigar o impacto de uma eventual redução de RAM. O HyperOS, o novo sistema operacional da empresa, inclui recursos como a Extensão de Memória (RAM virtual). Essa funcionalidade permite que o usuário aloque uma parte do armazenamento interno do dispositivo para ser usada como RAM temporária, expandindo virtualmente a capacidade de memória. Em modelos com 8GB de RAM física, por exemplo, o HyperOS pode adicionar mais 4GB de RAM virtual, totalizando 12GB de memória para o sistema operacional.
Embora a RAM virtual não substitua completamente a RAM física em termos de velocidade de acesso, ela pode ser uma solução eficaz para melhorar a multitarefa e o desempenho em dispositivos com menos RAM física. A otimização do HyperOS, que inclui um gerenciamento de recursos mais eficiente e um melhor balanceamento de desempenho, pode ser crucial para garantir que os smartphones de 2026 da Xiaomi continuem a oferecer uma experiência de usuário fluida, mesmo com a redução do hardware. A empresa tem se concentrado em otimizar o sistema para lidar com a crescente demanda por recursos de IA no dispositivo, o que exige um gerenciamento de memória mais inteligente.
Repercussão e Perspectivas Futuras
O cenário de aumento de custos de memória afeta toda a indústria de tecnologia. O presidente da Xiaomi, Lu Weibing, já alertou que os preços dos chips de memória atingiram o ponto mais baixo em 2023 e que a tendência de alta atual é de longo prazo. Ele também mencionou que a demanda por memória de alta largura de banda (HBM) para IA está impulsionando os preços globais, e que a nova produção de memória pode não chegar ao mercado até 2027. Diante disso, a Xiaomi e outros fabricantes estão sob pressão para encontrar um equilíbrio entre manter a competitividade de preços e oferecer especificações de hardware adequadas.
A previsão da TrendForce sugere que a redução de RAM em smartphones de 2026 não será um movimento exclusivo da Xiaomi, mas sim uma tendência de mercado generalizada para lidar com a pressão de custos. Os consumidores de smartphones de gama média e entrada podem ter que se contentar com especificações de RAM mais modestas do que as vistas nos anos anteriores, dependendo da evolução dos custos de componentes e das estratégias de otimização de software adotadas pelos fabricantes.
