Ari Aster Alerta Sobre IA em Hollywood: ‘Estamos Numa Corrida’

O diretor Ari Aster, conhecido por filmes de terror aclamados como ‘Hereditário’ e ‘Midsommar’, expressou sérias preocupações sobre o rápido avanço da inteligência artificial (IA) em Hollywood. Em entrevistas recentes, Aster manifestou o receio de que a IA esteja ultrapassando limites sem o devido controle ou debate público. Para ele, a transformação promovida pela IA não é apenas tecnológica, mas também cultural e filosófica, alterando a forma como a realidade é percebida e vivida.
O Medo da IA e a Percepção da Realidade
Aster observa que a crescente popularidade de vídeos e conteúdos gerados por IA, cada vez mais realistas, demonstra a capacidade humana de se adaptar rapidamente ao estranho, tornando o artificial cada vez mais natural. Ele destaca que, à medida que a tecnologia se integra ao cotidiano, a distinção entre o que é produzido por humanos e o que é criado por máquinas se torna menos perceptível, levantando questões sobre autenticidade e controle.
Em entrevista ao Letterboxd, Aster admitiu que a tecnologia já ultrapassou o ponto de contenção: ‘Obviamente já é tarde demais. Estamos numa corrida agora’. Ele questiona se a humanidade está realmente no controle desse processo ou apenas servindo de facilitadora para o avanço das máquinas.
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Hollywood em Alerta: Proteção de Direitos e Identidade
O debate sobre o uso da inteligência artificial ganhou força em Hollywood, especialmente após as greves históricas de roteiristas e atores em 2023. Um dos principais pontos de reivindicação foi a necessidade de proteger os profissionais do setor contra o uso não autorizado de IA para criar roteiros ou replicar digitalmente a imagem de artistas. A indústria busca garantir que a tecnologia não substitua o trabalho humano sem consentimento e remuneração justa, refletindo preocupações semelhantes às de Aster.
Enquanto nos Estados Unidos há uma postura cautelosa e regulamentações em discussão, outros mercados, como o chinês, avançam rapidamente na adoção da IA em produções audiovisuais, com menos restrições e debates públicos. Essa diferença evidencia o desafio global de equilibrar inovação tecnológica, direitos autorais e proteção de empregos criativos.
O Futuro da Criatividade e o Papel da Sociedade
Aster destaca que muitos entusiastas da IA tratam a tecnologia quase como uma entidade superior, o que, segundo ele, pode ser preocupante. O diretor questiona se a humanidade está realmente no controle desse processo ou apenas servindo de facilitadora para o avanço das máquinas. Esse dilema filosófico se reflete nas discussões sobre o futuro do trabalho, da arte e da própria identidade humana diante de algoritmos cada vez mais sofisticados.
Aster observa com inquietação a adaptação humana ao ‘estranhamento’: ‘Vídeos gerados por IA já parecem vida real. Coisas bizarras se normalizam rápido, mas algo enorme está acontecendo sem nosso controle’. Ele conclui com um misto de fascínio e temor: ‘Mal posso acreditar que viveremos para ver no que isso vai dar. Caramba’.
O Paradoxo da IA: Menos Perturbadora do que Deveria?
Apesar dos riscos, a inteligência artificial também oferece oportunidades. Ferramentas baseadas em IA podem agilizar processos, otimizar recursos e permitir a criação de efeitos visuais antes inimagináveis. No entanto, Aster considera a tecnologia desconcertante — não por parecer artificial, mas justamente por parecer natural demais.
‘O mais perturbador na IA é que ela é menos perturbadora do que eu gostaria que fosse’, afirmou Aster. Ele expressa um medo existencial de que a IA não seja apenas uma ferramenta, mas uma força que pode mudar para sempre o valor do trabalho criativo.
A Nova Produção de Aster: Eddington
Ari Aster está lançando seu novo filme, ‘Eddington’, que, segundo ele, aborda algumas dessas inquietações sobre a tecnologia e a forma como ela medeia e distorce as relações humanas. Ambientado durante o período de isolamento, o filme narra o confronto entre um xerife e um prefeito em uma pequena cidade, utilizando apenas celulares e redes sociais.
O filme, estrelado por Joaquin Phoenix e Pedro Pascal, é descrito como uma comédia negra com um subtexto sobre como a tecnologia influencia nossas vidas. Aster, conhecido por seu terror psicológico, parece estar explorando um novo tipo de horror: o da realidade mediada pela inteligência artificial.