Aumento no custo de energia impulsionado pela IA impacta consumidores

O rápido crescimento da Inteligência Artificial (IA) está impulsionando um aumento nos custos de energia, e os consumidores podem acabar pagando a conta. Um levantamento do Bank of America Institute, intitulado “IA provoca aumento nas contas de serviços públicos”, detalha como os pagamentos médios de serviços públicos subiram 3,6% ano a ano no terceiro trimestre de 2025.
Aumento da demanda por eletricidade
O aumento dos preços de eletricidade e gás sugere que a pressão nas contas pode aumentar nos próximos meses, dependendo de como será o inverno. Além do aumento dos preços para o consumidor, há uma crescente demanda por capacidade de geração de eletricidade e investimentos na rede como um todo.
Essa necessidade de capacidade e investimento na rede é resultado da construção de data centers para suportar o boom da inteligência artificial. A BofA Global Research vê a manufatura e os data centers como importantes motores da demanda por eletricidade nos próximos 10 anos. A eletrificação residencial crescente, incluindo veículos, também está elevando a demanda por eletricidade.
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O impacto energético da IA
O elevado consumo de energia da IA é atribuído principalmente à quantidade de cálculos necessários para treinar e executar modelos complexos. Esses modelos são intensivos em dados e exigem processadores de alto desempenho, como GPUs e aceleradores especializados. Em 2022, os data centers já eram responsáveis por consumir entre 1% e 1,3% da energia global, totalizando aproximadamente 460 terawatt-hora (TWh), com a previsão de que esse percentual dobre até 2026.
A rápida adoção da IA está intensificando essa demanda por processamento, fazendo com que seu impacto energético cresça de maneira mais acelerada do que a adoção de tecnologias anteriores, como computadores e a internet. O uso de chips potentes, como as GPUs (unidades de processamento gráfico) da Nvidia, também contribui para o aumento da demanda energética da IA. Modelos como a A100 e a H100 podem consumir até 700W por chip. As próximas gerações desses chips estão previstas para exigir até 2.700W, um aumento considerável no consumo de energia.
Desafios e soluções
O aumento do consumo de eletricidade pelos data centers, impulsionado pela IA, representa um risco ambiental. O consumo de eletricidade desses centros teve um aumento anual de 12% nos últimos anos. Empresas líderes do setor ampliaram em 150% as emissões de gases do efeito estufa. Estima-se que o treinamento de um único modelo de grande dimensão possa emitir mais de 500 toneladas de CO₂, valor equivalente a várias centenas de viagens aéreas transatlânticas.
Para mitigar esses impactos, é crucial investir em energia limpa e infraestrutura sustentável. A implementação de modelos menores e mais eficientes, o uso de energia limpa, a otimização dos sistemas de resfriamento em data centers, a criação de chips de baixo consumo e a integração de redes inteligentes são passos essenciais para garantir a sustentabilidade do crescimento da IA. Além disso, o uso de fontes de energia renováveis pode ajudar a equilibrar a crescente demanda por eletricidade gerada pela IA, sem agravar as preocupações ambientais.
O futuro da IA e o consumo de energia
Até 2028, a participação da eletricidade dos EUA destinada aos data centers pode triplicar, passando do atual 4,4% para 12%. Esse aumento sem precedentes na demanda por energia para IA está alinhado com os anúncios de grandes empresas que planejam investir bilhões em novos data centers. A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que o consumo de eletricidade em data centers dobrará até 2030 devido à inteligência artificial.
Apesar dos desafios, a IA também pode aumentar a eficiência e reduzir o consumo de energia de sistemas de aquecimento, ventilação e ar-condicionado (HVAC), reduzindo o impacto ambiental de construções e edifícios. A chave para um futuro sustentável é equilibrar o progresso tecnológico com a responsabilidade ambiental.
