Bolha da IA pode derrubar economia dos EUA, alertam especialistas

Especialistas temem que uma bolha especulativa em inteligência artificial (IA) possa estourar e impactar negativamente a economia dos EUA. Os gastos com IA, impulsionados por empresas de tecnologia, têm rivalizado com os gastos do consumidor como motor de crescimento econômico. Esse rápido aumento nos investimentos em IA levanta preocupações sobre a sustentabilidade desse crescimento.
Crescimento impulsionado pela IA
No primeiro semestre deste ano, a economia dos EUA cresceu 1,6%, impulsionada principalmente pelos gastos com IA. Sem esse investimento, o crescimento teria sido um terço menor. O mercado de ações está próximo de níveis recordes, impulsionado por empresas de tecnologia que colocaram a IA no centro de suas estratégias.
Empresas como Microsoft, Alphabet e Meta adicionaram mais de US$ 350 bilhões em valor de mercado, com a Microsoft atingindo uma avaliação de US$ 4 trilhões e a Meta quase US$ 2 trilhões. A demanda por recursos de IA também estimulou investimentos maciços em infraestrutura. A Morgan Stanley prevê US$ 3 trilhões em gastos globais de capital em data centers até 2028, impulsionados pelo crescimento nas receitas de IA.
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Riscos e preocupações
Apesar do otimismo, existem riscos associados a esse boom da IA. Analistas do Goldman Sachs alertam para uma inevitável desaceleração na construção de data centers, o que reduziria a receita de empresas que fornecem chips e eletricidade. Jason Thomas, da Carlyle, afirma que manter o ritmo atual de gastos com IA pode forçar as empresas a se endividarem.
O CEO da OpenAI, Sam Altman, reconhece que os investidores podem estar excessivamente entusiasmados com a IA. Gary Marcus classificou as avaliações atuais como “insanamente malucas”. Um relatório do Deutsche Bank estima que cada dólar investido em hardware e data centers de IA tem gerado apenas entre 30 e 50 centavos de retorno anual.
Possíveis Consequências
Uma queda no mercado de ações pode minar a confiança de empresas e consumidores, levando a menos gastos e ampliando as consequências econômicas. O Barclays modelou um cenário em que o capex de data centers cai 20% nos próximos dois anos, o que poderia reduzir o lucro por ação do S&P 500.
Alguns especialistas comparam o atual boom da IA às bolhas históricas do mercado. Torsten Slok, economista-chefe da Apollo Global Management, advertiu que os 10 principais nomes do S&P 500 estão sendo negociados a uma relação preço/lucro futura de 12 meses, em comparação com 25 meses da média do S&P 500.
O Futuro da IA
Apesar dos riscos, muitos analistas permanecem otimistas em relação ao futuro da IA. Dan Ives, da Wedbush Securities, compara o setor ao auge da internet em 1996. A questão é se as avaliações atuais e os investimentos em infraestrutura podem ser justificados pelos retornos de curto prazo.
O serviço em nuvem Azure, da Microsoft, cresceu 39% em relação ao ano anterior, atingindo uma taxa de execução de US$ 86 bilhões. A OpenAI prevê receitas anualizadas de US$ 20 bilhões até o final do ano. No entanto, alimentar o apetite digital da IA exigirá investimentos significativos em centros de dados, o que pode levar a um déficit de US$ 800 bilhões.
As bolsas de Nova York fecharam em alta, impulsionadas pelo otimismo em relação à IA e à percepção de um impacto econômico limitado da paralisação do governo dos EUA. A Nvidia acumula alta de quase 41% no ano, apoiada pela demanda em IA e novos acordos com empresas como OpenAI e Intel.