China implementa aulas obrigatórias de IA nas escolas

A cidade de Hangzhou, na província de Zhejiang, na China, vai implementar aulas obrigatórias de Inteligência Artificial (IA) para estudantes do ensino fundamental e médio a partir do próximo semestre letivo, que começa em 1º de setembro de 2025. A decisão foi anunciada pelo Departamento de Educação Municipal, como parte de um plano para desenvolver o setor tecnológico na região.
Detalhes da Implementação
O programa estabelece um mínimo de 10 horas de aula anuais dedicadas ao tema. As instituições de ensino terão flexibilidade na implementação, podendo concentrar as aulas em uma única semana ou integrá-las em disciplinas como tecnologia da informação e ciências. O plano abrange tanto a formação de estudantes quanto o treinamento específico de professores para ministrar o conteúdo. Foram divulgados os conteúdos, requisitos e métodos de ensino dos anos 1 ao 12 do currículo escolar – do 1º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio no Brasil.
Capacitação Docente
A capacitação docente recebeu atenção especial no planejamento, com cinco áreas de desenvolvimento profissional definidas: consciência e pensamento crítico, conhecimento e habilidades técnicas, ensino e formação de alunos, pesquisa e desenvolvimento, ética e segurança.
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Contexto e Objetivos
Segundo o município, Hangzhou já conta com 439 escolas modelo em educação inteligente, 54 instituições de inovação em educação digital e 15 escolas-piloto em aplicações educacionais de IA. O currículo escolar é uma das medidas implementadas para modernizar a região com práticas de inteligência artificial.
Essa iniciativa está alinhada com a estratégia nacional da China de fortalecer sua liderança na área de IA. A medida visa formar uma nova geração de profissionais capacitados e criativos no setor tecnológico, preparando-os para um futuro cada vez mais influenciado pela tecnologia. O governo chinês também se comprometeu a desenvolver uma estrutura abrangente de formação docente e treinamento especializado, incluindo a criação de materiais didáticos específicos, capacitação técnica para os professores e a implementação de laboratórios com recursos tecnológicos de ponta.
Outras Iniciativas na China
Além de Hangzhou, outras cidades chinesas também estão investindo na educação em IA. Em Pequim, por exemplo, as escolas de ensino fundamental terão aulas de inteligência artificial como parte do currículo obrigatório a partir de setembro. A Comissão Municipal de Educação de Pequim determinou que as escolas da capital chinesa devem oferecer um mínimo de oito horas anuais de instrução em IA, seja como disciplinas independentes ou integradas ao conteúdo existente.
O ministro da Educação da China, Huai Jinpeng, afirmou que a IA traz grandes oportunidades para a educação e que o país divulgará um relatório sobre o uso da tecnologia no ensino ainda neste ano.
Repercussão Global
A China não é o único país a investir na educação em IA. A Califórnia (EUA) aprovou uma legislação para incluir a alfabetização em IA nos currículos, e a Itália iniciou testes com ferramentas de IA em salas de aula para fortalecer as habilidades digitais dos estudantes. Estônia, Canadá e Coreia do Sul também incorporam IA aos currículos escolares, impulsionando a corrida global pela inovação na educação.
Oportunidades e Desafios
A integração da IA na educação básica pode representar uma grande mudança estrutural no modelo educacional chinês. Com crianças aprendendo conceitos básicos de IA desde cedo, a proposta visa formar uma nova geração de profissionais altamente capacitados e criativos no setor tecnológico. No entanto, também existem desafios a serem superados, como a necessidade de garantir um uso ético e inclusivo da tecnologia na educação.
Danilo Konrad, co-fundador e CEO da AvancAI, provoca uma reflexão sobre o cenário brasileiro: “A China já decidiu: a IA será ensinada desde cedo nas escolas. Enquanto isso, no Brasil, vejo pessoas, inclusive crianças, com o medo de que a tecnologia substitua o esforço intelectual.”
Konrad complementa: “Mas será que o problema está na ferramenta ou na forma como a utilizamos? A IA não deve substituir o pensamento crítico, mas sim potencializá-lo. Quem aprender a usar a IA terá vantagem competitiva. Quem ignorar, pode ficar para trás. Por isso, acredito que o ensino de IA deve começar cedo, preparando as novas gerações para um futuro em que tecnologia e conhecimento caminham juntos. A pergunta que fica é: estamos preparando nossas crianças para serem protagonistas dessa revolução ou apenas espectadores?”