China Lidera em IA Aberta, Ultrapassando os EUA

Uma análise recente indica que a China ultrapassou os Estados Unidos no desenvolvimento de modelos de Inteligência Artificial (IA) aberta, marcando uma mudança significativa no cenário global da tecnologia. Enquanto empresas americanas focam em modelos fechados e de alto custo, a China aposta em alternativas mais acessíveis e personalizáveis.
Ascensão da China no Desenvolvimento de IA Aberta
Há apenas um ano, os modelos de código aberto mais avançados vinham majoritariamente de empresas norte-americanas. Hoje, as soluções mais poderosas e populares disponíveis publicamente têm origem na China, consolidando o país como uma nova potência tecnológica no setor. Esse avanço chinês ocorre em um campo estratégico: o da IA de uso livre, considerada essencial para pesquisa, inovação e difusão tecnológica.
Enquanto gigantes dos EUA, como OpenAI, Google e Anthropic, optam por modelos mais fechados e comerciais, companhias chinesas vêm disponibilizando tecnologias robustas sem grandes restrições de acesso. Essa abordagem ampliou significativamente o alcance e a popularidade dos sistemas chineses, que atualmente dominam as principais plataformas de compartilhamento de IA.
Veja também:
Fatores que Impulsionam o Crescimento Chinês
A crescente adoção de IAs chinesas por empresas americanas é impulsionada por fatores como custo e eficiência. Modelos chineses, como o Qwen da Alibaba, destacam-se pela rapidez e economia, tornando-se alternativas atraentes em relação às opções americanas. Além disso, a flexibilidade dos modelos de código aberto chineses permite customizações e adaptações específicas para diferentes necessidades empresariais.
A China tem priorizado o fortalecimento de sua base tecnológica nacional, muitas vezes sem a pressão por rentabilidade imediata que guia as empresas americanas. As tensões regulatórias e os debates sobre privacidade e segurança desaceleraram a publicação de modelos abertos por parte das companhias norte-americanas.
Investimentos e Planejamento Estratégico
O Plano de Desenvolvimento de Inteligência Artificial de Nova Geração da China, lançado em 2017, já previa a liderança global até 2030. Iniciativas como Internet Plus e Made in China 2025, ambas de 2015, colocaram como prioridade do governo chinês o desenvolvimento de capacidades industriais que serviram de base para a digitalização do país e implementação da IA em larga escala.
Em março de 2025, a China anunciou um fundo de alta tecnologia para desenvolver IA, com a expectativa de atrair quase 1 trilhão de yuans (US$ 138 bilhões) em capital ao longo de 20 anos de governos locais e do setor privado. O fundo se concentrará em áreas de ponta, como inteligência artificial, tecnologia quântica e armazenamento de energia de hidrogênio.
Regulamentação e Segurança
A China tem implementado regulamentações para o desenvolvimento seguro da IA. Em outubro de 2025, o Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional da China aprovou uma emenda à Lei de Cibersegurança que estabelece disposições específicas para o desenvolvimento seguro da IA, com entrada em vigor em 1º de janeiro de 2026.
A China publicou novas regras para inteligência artificial generativa, tornando-se um dos primeiros países do mundo a regular a tecnologia que alimenta serviços populares como o ChatGPT. As regras serão supervisionadas por sete agências nacionais, incluindo a vigilância do ciberespaço, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma e o Ministério da Educação.
O Futuro da Disputa pela Liderança em IA
A disputa global pela inteligência artificial está cada vez mais acirrada. A China tem investido fortemente em IA, mesmo com as sanções dos EUA, adaptando-se e adquirindo versões de menor potência de processadores. Empresas como ByteDance têm se destacado por seu investimento agressivo em IA, apoiado por uma reserva de caixa que ultrapassa US$ 50 bilhões.
Apesar dos desafios, o ecossistema chinês de IA reúne características que podem representar vantagens competitivas. O objetivo declarado de Pequim é se tornar, até 2030, o “centro mundial da inovação” em matéria de inteligência artificial.
Em setembro de 2025, a China lançou o plano “IA+” para integrar inteligência artificial à indústria, impulsionando a transformação digital e a modernização econômica. O plano propõe a aplicação de inteligência em todas as etapas da produção industrial, além de ampliar a capacidade tecnológica e explorar novas formas de aplicação de modelos.
