Europa inaugura supercomputador Jupiter para impulsionar IA

A Europa inaugurou, nesta sexta-feira (5), o supercomputador Jupiter, localizado na Alemanha, com o objetivo de acelerar o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) no continente e diminuir a distância em relação aos Estados Unidos e à China. O sistema, instalado no Centro de Supercomputação de Jülich, é o primeiro supercomputador europeu de exaescala, capaz de realizar um quintilhão de cálculos por segundo.
O que é o Jupiter?
O Jupiter é um supercomputador de exaescala, o que significa que ele pode realizar no mínimo um exaflop (unidade com 18 zeros) de cálculos por segundo. Para se ter uma ideia do poder de processamento, é como se 10 milhões de computadores portáteis convencionais fossem utilizados ao mesmo tempo. O sistema ocupa um espaço de cerca de 3.600 metros quadrados, aproximadamente metade de um campo de futebol, e é equipado com 24.000 chips Nvidia, componentes preferidos na indústria de IA.
O projeto foi financiado pela União Europeia e pela Alemanha, com um investimento de 500 milhões de euros. O supercomputador estará disponível para pesquisadores de diversas áreas e empresas que desejam treinar seus modelos de IA.
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Como o Jupiter pode ajudar a Europa na corrida pela IA?
De acordo com Thomas Lippert, diretor do centro de Jülich, o Jupiter é o primeiro supercomputador internacional competitivo capaz de treinar modelos de IA na Europa. O objetivo é que a Alemanha se torne uma nação com inteligência artificial. Um relatório da Universidade de Stanford apontou que, em 2024, instituições dos EUA produziram 40 modelos de IA notáveis, enquanto a China produziu 15 e a Europa apenas três.
O chanceler alemão, Friedrich Merz, ressaltou que os Estados Unidos e a China estão em uma disputa acirrada em uma economia global impulsionada pela inteligência artificial, mas que a Alemanha e a Europa têm todas as condições de alcançar e seguir nessa corrida.
Detalhes técnicos e impacto ambiental
O Jupiter exigirá em média cerca de 11 megawatts de energia, o equivalente à energia usada para abastecer milhares de casas ou uma pequena planta industrial. O centro de Jülich planeja usar o calor residual gerado pelo computador para aquecer edifícios próximos, minimizando o impacto ambiental.
O supercomputador foi construído por um consórcio formado por uma subsidiária do gigante tecnológico francês Atos e pelo grupo alemão Partec. No entanto, funciona com chips da Nvidia, o que o torna dependente da tecnologia dos Estados Unidos.
Outros supercomputadores na Europa
Além do Jupiter, a Europa conta com outros supercomputadores potentes, como o Leonardo na Itália e o Alps na Suíça. O Leonardo, inaugurado em 2022, possui 14.000 placas gráficas Nvidia A100, 3.500 processadores Intel Xeon e 2.800 TB de memória RAM. Em 2024, a União Europeia investiu 28 milhões de euros para aprimorar o Leonardo para lidar com cargas de trabalho de IA.
A Systemanalyse Programmentwicklung (SAP), uma das maiores empresas de software do mundo, anunciou que investirá mais de 20 bilhões de euros em suas capacidades de nuvem nos próximos 10 anos. O objetivo é garantir que os dados dos clientes sejam armazenados dentro da União Europeia e que o Regulamento Geral de Proteção de Dados seja respeitado.
Iniciativas e investimentos da União Europeia
A União Europeia tem demonstrado um crescente interesse em investir em IA. O plano de ação AI Continent Action Plan, impulsionado pela estratégia de Ursula von der Leyen, demonstra o esforço europeu em fortalecer o setor. A EuroHPC JU (European High Performance Computing Joint Undertaking) lançou uma chamada de propostas para fortalecer o ecossistema de HPC-AI da UE, apoiando a participação ativa em iniciativas internacionais para soluções GenAI HPC. As AI Factories são hubs que usam a capacidade de supercomputação da EuroHPC para desenvolver modelos de IA generativa confiáveis, ajudando a melhorar áreas como saúde, manufatura, clima e finanças.