IA ameaça redações? Escritor alerta sobre impacto na educação

O uso crescente da inteligência artificial (IA) nas escolas está gerando debates acalorados sobre o futuro da educação e o desenvolvimento das habilidades de escrita dos alunos. O escritor e jornalista Sérgio Rodrigues, autor do livro “Escrever É Humano: Como Dar Vida À Sua Escrita em Tempo de Robôs”, expressou sérias preocupações sobre o impacto negativo da IA nas redações escolares e no aprendizado da escrita.
O Alerta de Sérgio Rodrigues
Sérgio Rodrigues argumenta que a excessiva dependência de ferramentas de IA pode levar a um retrocesso civilizatório e intelectual, com os alunos perdendo a capacidade de se expressar criativamente e de desenvolver o pensamento crítico. Ele destaca que a IA, apesar de sua capacidade de imitar a linguagem humana, carece da subjetividade e da profundidade necessárias para a escrita criativa.
Em entrevista, Rodrigues enfatizou que a escola enfrenta um desafio central: controlar o uso da IA para que os estudantes não substituam a prática da escrita pelo uso de ferramentas automatizadas. Ele defende que a escrita é uma tecnologia de pensamento e que a perda dessa habilidade pode ter consequências graves para a sociedade.
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O Impacto da IA nas Redações Escolares
A preocupação de Rodrigues reflete um debate mais amplo sobre o papel da IA na educação. Aplicativos como o ChatGPT tornaram-se populares entre os alunos, oferecendo a capacidade de gerar textos completos em segundos. No entanto, educadores questionam se os estudantes estão realmente aprendendo ou apenas automatizando o processo.
Um estudo recente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) analisou mais de 5 mil redações do Enem simuladas entre 2022 e 2024 e identificou traços linguísticos típicos de textos gerados por IA. Os resultados indicam que o uso da IA está se tornando cada vez mais comum nas redações escolares, levantando questões sobre a originalidade e a criatividade dos trabalhos.
Os Dois Lados da Moeda
Apesar das preocupações, alguns educadores veem a IA como uma ferramenta que pode auxiliar no aprendizado da escrita. Fernanda Nascimento, professora de redação e coordenadora do Projeto RediGGE, destaca que o importante é ensinar os alunos a usar a IA com consciência, identificando os limites entre auxílio e dependência. Ela explica que ferramentas como o ChatGPT podem ser úteis para sugerir temas e auxiliar na estruturação de textos, mas não devem substituir o desenvolvimento das habilidades humanas.
Outras instituições de ensino já estão implementando a IA para otimizar o processo de correção de redações. A FTD Educação, por exemplo, utiliza a IA para corrigir redações manuscritas em escolas públicas, oferecendo feedback personalizado aos estudantes e apoiando os professores. O Governo de Minas Gerais também adotou a IA na correção de redações, com o objetivo de melhorar o desempenho dos alunos no Enem.
O Que as Escolas Podem Fazer
Diante desse cenário, as escolas precisam adotar medidas para garantir o uso responsável da IA e proteger o aprendizado da escrita. Algumas das medidas em discussão incluem:
- Definição de limites e expectativas: As escolas precisam rediscutir o que caracteriza desonestidade acadêmica e estabelecer regras claras sobre o uso da IA.
- Avaliações em sala de aula: Reforçar provas presenciais e redações feitas em aula para reduzir a dependência da tecnologia.
- Formação docente: Capacitar os professores para integrar a IA ao ensino de forma ética e eficaz.
- Transparência institucional: Elaborar guias e documentos oficiais que especifiquem o que é permitido ou não em relação ao uso da IA.
O Futuro da Escrita na Era da IA
O debate sobre o impacto da IA nas redações escolares está apenas começando. À medida que a tecnologia continua a evoluir, é fundamental que educadores, pais e alunos trabalhem juntos para encontrar um equilíbrio entre o uso da IA e o desenvolvimento das habilidades humanas. O objetivo deve ser aproveitar o potencial da IA para aprimorar o aprendizado da escrita, sem comprometer a criatividade, o pensamento crítico e a capacidade de expressão dos estudantes.