IA e Direitos Sociais em debate em São Bernardo do Campo

A Conferência Nacional sobre Inteligência Artificial e Direitos Sociais teve início em São Bernardo do Campo, reunindo representantes de diversos setores para discutir os impactos da IA no mundo do trabalho e propor soluções para garantir proteção social, democracia digital e justiça tributária. O evento, que se estende até esta sexta-feira (3), é promovido pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em parceria com o Instituto Nacional por Inteligência Artificial com Direitos Sociais (INIADS Brasil).
Objetivos e Participantes
A conferência visa colocar os trabalhadores no centro das decisões sobre a regulação da IA, marcando um novo capítulo na articulação entre tecnologia e direitos sociais. O encontro reúne lideranças sindicais, especialistas, representantes de movimentos sociais, universidades, conselhos profissionais e parlamentares de diversas regiões do país.
Entre os participantes da mesa de abertura, destacaram-se Moisés Selerges, presidente dos Metalúrgicos do ABC; Adriana Marcolino, diretora técnica do Dieese; Gheorge Vitti, presidente do Sindicato dos Bancários do ABC; Aroaldo Oliveira, presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC; e José Vital, presidente do INIADS Brasil.
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Impactos da IA no Mundo do Trabalho
Os debates abordam os efeitos da IA no mercado de trabalho, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil. A preocupação central é como garantir que o avanço tecnológico beneficie a sociedade como um todo, sem precarizar o emprego e ampliar as desigualdades.
Gheorge Vitti, presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, alertou para os impactos da transformação digital no emprego bancário, mencionando o crescimento de vagas em TI, mas também a redução de funções tradicionais. Ele ressaltou que, apesar dos investimentos em tecnologia, os bancos têm diminuído os canais de atendimento e transferido serviços para o autoatendimento, cobrando taxas dos clientes.
A Defesa dos Direitos Sociais na Era da IA
Os participantes da conferência enfatizam a necessidade de regulamentar a IA para proteger os direitos dos trabalhadores e promover a justiça social. A ideia é que a tecnologia seja utilizada para ampliar direitos, fortalecer a democracia e construir um futuro com justiça social.
José Vital, presidente do INIADS Brasil, destacou a importância de reorganizar o país para ampliar os direitos em meio à revolução tecnológica. Moisés Selerges, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, defendeu que o avanço tecnológico deve estar a serviço da sociedade, ajudando a humanidade e combatendo problemas como a fome e os conflitos.
Riscos e Desafios
Adriana Marcolino, pesquisadora do Dieese, reforçou os riscos para o emprego e a necessidade de regulação, estimando que um quarto dos postos de trabalho no mundo podem ser eliminados com o avanço da tecnologia. Ela questionou como garantir que essa transição tenha o menor impacto possível.
Aroaldo Oliveira, presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e da IndustriALL Brasil, lembrou a luta dos metalúrgicos diante das mudanças tecnológicas nos anos 1990 e a necessidade de se reorganizar para enfrentar os desafios atuais.
Rumo a um Modelo Brasileiro de IA
Durante os debates, foi defendida a criação de um modelo brasileiro de IA, para que o país não fique dependente de empresas estrangeiras. A importância de garantir a soberania digital e de dados, com foco em infraestruturas públicas e tecnologias abertas, também foi ressaltada.
A conferência busca encontrar formas de reduzir o poder de mediação social das Big Techs e avançar na formulação de políticas de combate à desinformação. A programação completa do evento pode ser acessada online.
Participação e Transmissão
A Fenajufe e sindicatos de base também estão presentes na conferência, transmitindo os debates em seu canal do YouTube. A participação é vista como uma oportunidade fundamental de debate sobre os rumos que o Brasil deve adotar na regulamentação e implementação da inteligência artificial, especialmente no que diz respeito à proteção dos direitos sociais e trabalhistas.