IA e Educação: Deputados devem priorizar aliança

A inteligência artificial (IA) está transformando a educação, desde a personalização do conteúdo até o auxílio aos professores na avaliação de alunos. No entanto, o Brasil enfrenta um dilema: como garantir que a IA seja uma aliada e não uma ameaça ao sistema educacional?
IA como ferramenta pedagógica
A IA pode personalizar o aprendizado, tornando o ensino mais eficiente e acessível. Sistemas de tutoria inteligente adaptam o material didático às necessidades de cada aluno, enquanto chatbots educacionais respondem a perguntas e auxiliam com dúvidas 24 horas por dia. Plataformas de aprendizado adaptativo ajustam o nível de dificuldade das tarefas conforme o progresso do aluno. Além disso, a IA contribui para a tradução e acessibilidade, oferecendo recursos como legendas em tempo real.
A IA também pode automatizar tarefas administrativas, liberando os professores para se concentrarem mais no ensino. Estima-se que os professores gastem de 20% a 40% de seu tempo em atividades que poderiam ser automatizadas. No entanto, apenas uma pequena porcentagem dos professores concorda totalmente com o uso da IA na aprendizagem.
Veja também:
Desafios e regulamentação
Apesar dos benefícios potenciais, a adoção da IA na educação enfrenta desafios significativos no Brasil. A falta de infraestrutura adequada, como equipamentos, internet de alta qualidade e softwares, é um dos principais obstáculos. Além disso, muitos professores não possuem formação específica para utilizar a IA como ferramenta pedagógica.
O PL 2338/2023, que busca criar um marco regulatório para a inteligência artificial, classifica a educação como setor de alto risco. Essa escolha pode transformar a inovação em exceção, desincentivando escolas, universidades e startups a testarem novas soluções educacionais. Especialistas defendem uma regulamentação urgente para garantir inclusão, ética e proteção de direitos nas salas de aula.
Exemplos internacionais
Experiências internacionais demonstram que a IA pode ser uma aliada valiosa na educação. Em universidades espanholas, sistemas de tutoria inteligente em cursos de matemática aumentaram o desempenho dos alunos. No Canadá, plataformas de feedback automatizado em redações liberaram professores para orientação mais qualitativa. Em escolas inclusivas da Alemanha, soluções de acessibilidade ampliaram a participação de estudantes surdos e com dificuldades de leitura.
O futuro da IA na educação
O futuro da IA na educação aponta para uma personalização avançada no processo de aprendizagem. A IA poderá oferecer roteiros de estudo adaptativos, ajustados ao comportamento e às necessidades cognitivas de cada estudante. No entanto, é fundamental que a IA não dite o processo de aprendizagem, limitando a capacidade dos estudantes de explorar e pensar criticamente. A tecnologia não deve substituir o professor, mas sim complementar seu trabalho, facilitando a personalização da aprendizagem e liberando-o para atender às necessidades individuais dos estudantes.
Para que a IA cumpra seu verdadeiro potencial na educação, é necessário um esforço conjunto entre escolas, professores, famílias e governo, com investimentos em infraestrutura, formação continuada e projetos pedagógicos integrados. A regulamentação da IA deve equilibrar a proteção de direitos fundamentais com a liberdade de inovação.
É imprescindível investir em estratégias robustas para coletar e utilizar as informações dos alunos, garantindo que as instituições de ensino estejam preparadas para aproveitar ao máximo as potencialidades oferecidas pela IA. A inteligência artificial é, ao mesmo tempo, uma oportunidade e um teste de maturidade para a nação.