IA e Satélites Mapeiam Cafezais com 95% de Precisão

Pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma tecnologia inédita que combina imagens de satélite e inteligência artificial (IA) para mapear pequenos cafezais com alta precisão. O novo método alcança mais de 95% de precisão na identificação das áreas de cultivo e consegue diferenciar quatro estágios do ciclo produtivo do café: plantio, produção, poda e renovação.
Como Funciona a Tecnologia
A tecnologia utiliza séries temporais densas de imagens do programa Harmonized Landsat Sentinel-2 (HLS) e algoritmos de aprendizado de máquina como Random Forest e XGBoost. Essa combinação permite mapear com alta sensibilidade pequenas áreas, antes invisíveis em levantamentos convencionais.
Édson Bolfe, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital (SP), explica que as tecnologias digitais ampliam o entendimento das dinâmicas agrícolas e auxiliam o produtor e o poder público na tomada de decisões mais precisas. O grande desafio para o sensoriamento remoto é mapear com maior detalhamento e precisão as regiões altamente produtivas, mas com perfil de pequena e média escala produtiva, que os mapeamentos de larga escala normalmente não alcançam.
Testes e Resultados
O estudo foi conduzido no município de Caconde (SP), um dos Distritos Agrotecnológicos do projeto Semear Digital, coordenado pela Embrapa e financiado pela Fapesp. A demanda partiu do setor produtivo, que buscava informações mais exatas sobre a área plantada e o manejo local.
Ademar Pereira, presidente do Sindicato Rural de Caconde, afirma que antes trabalhavam com estimativas, mas agora têm um mapa real que orienta políticas públicas, cursos de capacitação e práticas de manejo.
Nos testes, a acurácia ultrapassou 96% nos níveis iniciais e manteve 83% na diferenciação final dos estágios, com destaque para áreas em produção, que atingiram 94% de precisão.
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Benefícios e Aplicações
A técnica é escalável e pode ser aplicada em qualquer região com cafeicultura, abrindo caminho para políticas públicas, acesso a crédito rural e práticas de adaptação climática em regiões produtoras. Os dados do monitoramento auxiliam na gestão operacional e mercadológica da cafeicultura em regiões com pequenas propriedades.
Espera-se que a tecnologia se torne uma ferramenta operacional para cooperativas, órgãos públicos e produtores, fortalecendo a rastreabilidade e a competitividade do café brasileiro no mercado internacional. A tecnologia beneficia especialmente pequenas propriedades, antes invisíveis nos mapeamentos convencionais.
Próximos Passos
Para os próximos anos, a Embrapa planeja ampliar os testes para outras regiões e empregar modelos de aprendizado profundo em imagens de alta resolução, visando delimitar talhões com exatidão. Os resultados estão disponíveis no Repositório de Dados de Pesquisa da Embrapa (Redape) e foram publicados na revista científica Remote Sensing.
A expectativa é transformar o sistema em uma ferramenta prática para instituições públicas e privadas, reforçando a liderança brasileira na produção de café e a sustentabilidade do setor.
Impacto da Inteligência Artificial na Agricultura
A inteligência artificial (IA) está revolucionando a agricultura, permitindo a exploração controlada e precisa de insumos, aliando produtividade à redução do impacto ambiental. A integração da IA tem transformado a forma como os dados agrícolas são coletados, analisados e interpretados.
Com o uso de tecnologias avançadas como sensores remotos, GPS e análise de dados, a combinação da IA com a agricultura de precisão está ajudando a enfrentar os desafios da agricultura moderna.
Édson Bolfe coordena o projeto Mapeamento agropecuário no Cerrado via combinação de imagens multisensores – MultiCER, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).
