IA em séries: Ameaça ou ferramenta para a criação?

A popularização de séries e esquetes criadas com inteligência artificial (IA) tem gerado um intenso debate sobre o uso e o impacto dessa tecnologia no mundo do entretenimento. A questão central é se a IA representa uma ameaça aos criadores humanos ou se é uma ferramenta que pode auxiliar e expandir as possibilidades criativas.
O Fenômeno das Séries com IA
Um exemplo notório é o programa “Marisa Maiô”, que apresenta uma apresentadora virtual com sotaque paulista e figurino de auditório, criada com a IA Veo 3 do Google. A atração, que simula um programa de auditório, viralizou e até rendeu uma propaganda de roupas de banho para uma marca famosa. O criador do projeto é Raony Phillips, também responsável pela série “Girls in the House”, produzida com simulações do jogo “The Sims 4” há 11 anos.
Além de “Marisa Maiô”, esquetes humorísticas que simulam situações verossímeis ou parodiam histórias tradicionais, como contos de fadas e histórias bíblicas, também têm ganhado popularidade em redes sociais como TikTok e Instagram.
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Debate e Implicações
O uso da IA na criação de conteúdo levanta diversas questões. Uma delas é a autenticidade e a originalidade das obras. Se a IA é capaz de gerar vídeos e personagens realistas, como distinguir o que é humano do que é artificial? Qual o papel do humor e da cultura brasileira nesse contexto?
O advogado especialista em Direito Digital André Marsiglia avalia que o debate a respeito da Inteligência Artificial no Brasil ainda é superficial e não aborda os dilemas éticos sobre seu desenvolvimento e utilização. Questões como riscos à saúde, empregos militares e controle social também não estão sendo amplamente discutidas.
IA como Ferramenta
Apesar das preocupações, muitos defendem que a IA pode ser uma ferramenta poderosa para criadores. Ela pode auxiliar na produção de animações, efeitos visuais e até mesmo na criação de roteiros. A IA também pode democratizar o acesso à produção de conteúdo, permitindo que pessoas com menos recursos criem obras de alta qualidade.
Dávid Jancsó, montador de “O Brutalista”, revelou que a equipe criativa do filme utilizou uma inteligência artificial (IA) para aprimorar o seu sotaque húngaro com objetivo de que ele parecesse um “falante nativo”. Jancsó defende que o uso de IA não deveria ser controverso, apontando que a tecnologia só torna o processo mais rápido.
O Futuro da Criação com IA
O futuro da criação com IA é incerto, mas é inegável que a tecnologia veio para ficar. Resta saber como ela será utilizada e regulamentada. O debate sobre a ética e as implicações do uso da IA na criação de conteúdo é fundamental para garantir que a tecnologia seja utilizada de forma responsável e que beneficie a sociedade como um todo.
É importante lembrar que a IA é apenas uma ferramenta, e o resultado final depende da criatividade e da visão do artista. A combinação da inteligência artificial com a inteligência humana pode levar a resultados surpreendentes e inovadores.