IA, Governança e Riscos em Debate Final de Seminário

O 1º Seminário Gestão de Riscos e Controle Interno encerrou seus debates com foco em Inteligência Artificial (IA), governança e riscos emergentes. O evento, promovido pelo Ministério da Fazenda, abordou a IA não apenas como ferramenta tecnológica, mas como uma força transformadora com impactos significativos na tomada de decisões e inovação.
IA e Riscos: Oportunidades e Ameaças
A professora Dora Kaufman, da PUC-SP, abriu a programação da tarde do segundo dia com a palestra “Inteligência Artificial e Riscos: oportunidades e ameaças”. Ela destacou que, embora a IA possa gerar resultados originais, a inovação continua sendo um atributo humano. “O que esses sistemas produzem é original, mas não criativo. A inovação continua sendo atributo humano”, afirmou.
Kaufman também alertou sobre a natureza probabilística dos sistemas de IA, que se baseiam em dados em constante mutação, ampliando os desafios para a gestão de riscos. Outro ponto levantado foi o impacto estrutural da IA, incluindo o alto consumo de energia e recursos hídricos, a concentração do poder computacional em poucas empresas e a crescente proporção de dados sintéticos gerados por máquinas. “Hoje, entre 60% e 80% dos dados disponíveis já são artificiais, o que pode gerar distorções crescentes”, alertou.
A professora enfatizou que, para governos e instituições, entender tanto as oportunidades quanto os riscos da IA é fundamental para adotar a tecnologia de forma responsável e estratégica.
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Governança, Risco, Controle e Integridade
O especialista Antônio Celso Ribeiro Brasiliano, presidente da Brasiliano Interisk Gestão de Riscos Corporativos, apresentou uma visão crítica na palestra “Governança, Risco, Controle e Integridade: a Administração Pública em um caminho inteligente”. Ele destacou que a maturidade em gestão de riscos ainda é insuficiente tanto no setor público quanto no privado. “Grande parte das organizações brasileiras, públicas e privadas, fazem voo cego”, afirmou.
Brasiliano criticou a fragmentação entre áreas e a ausência de uma visão integrada dos riscos. Ele defendeu a necessidade de uma abordagem mais estratégica e coordenada na gestão de riscos, tanto no setor público quanto no privado.
Riscos Emergentes e Resiliência Institucional
Encerrando a programação, o secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, conduziu o Painel Estratégico: Riscos Emergentes e Resiliência Institucional, destacando os impactos da crise climática e os caminhos que o Brasil tem adotado para enfrentá-los. Dubeux apresentou dados que evidenciam o aumento da concentração de CO₂ na atmosfera nos últimos 800 mil anos, mostrando a correlação direta entre a alta das emissões de carbono e o aumento da temperatura global.
O secretário também destacou a importância de o Brasil assumir um papel de liderança no enfrentamento da crise climática, por meio de investimentos em energias renováveis, agricultura de baixo carbono e outras iniciativas sustentáveis.
O seminário ressaltou a importância da governança e da gestão de riscos na era da inteligência artificial, enfatizando a necessidade de uma abordagem estratégica e coordenada para lidar com os desafios e oportunidades que a tecnologia apresenta. A discussão também abordou a importância da resiliência institucional para enfrentar os riscos emergentes, como a crise climática.