IA: Hype ou ROI? Empresas buscam resultados reais

O mercado de Inteligência Artificial (IA) está passando por um momento de reavaliação. Após anos de grande entusiasmo e investimentos, empresas buscam agora resultados concretos e mensuráveis, o chamado Retorno sobre Investimento (ROI). O que antes era visto como uma promessa de inovação e eficiência, agora exige uma abordagem mais estratégica e focada em soluções que gerem valor real para os negócios.
O Hype da IA
Nos últimos anos, a IA se tornou um tema onipresente, com muitos especialistas e empresas promovendo seus benefícios e aplicações. No entanto, essa onda de entusiasmo nem sempre se traduziu em resultados práticos, levando a expectativas frustradas e investimentos mal direcionados.
De acordo com Rodrigo Pereira, especialista na área, muitas vezes o discurso sobre Agentes de IA não é acompanhado por um entendimento real do que essa tecnologia significa. Ele ressalta que, embora a IA bem feita possa trazer ganhos concretos de eficiência, aumentando receitas, reduzindo custos e melhorando a experiência do cliente, sua aplicação equivocada pode levar a perdas e desilusões.
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A Busca pelo ROI
Diante desse cenário, empresas estão cada vez mais focadas em medir o ROI de seus projetos de IA. Isso significa que a área de tecnologia precisa ser envolvida desde a definição da estratégia, e não apenas na execução. A TI deve deixar de ser vista como um centro de custo e se tornar um motor de geração de valor para o negócio.
Um estudo da McKinsey aponta que os retornos mais robustos da IA vêm da melhoria na tomada de decisão, da personalização em escala e da eficiência operacional. No entanto, esses resultados nem sempre são imediatos, e o ROI total pode levar de 12 a 36 meses para se concretizar.
Aplicações Práticas da IA no Brasil
No Brasil, a IA tem sido aplicada em diversos setores, com resultados promissores. Um estudo da Bain & Company revelou que um quarto das empresas brasileiras já possui ao menos um caso de uso baseado em IA, o dobro do percentual registrado em 2024. As principais aplicações da IA generativa no país estão em ferramentas de produtividade, desenvolvimento de software, finanças e marketing.
Alguns exemplos de aplicações práticas da IA no Brasil incluem:
- Saúde: Diagnóstico médico, telemedicina e gestão hospitalar.
- Agronegócio: Previsão de safras, análise das condições do solo e controle de pragas.
- Setor financeiro: Análise de risco, detecção de fraudes e personalização de serviços.
- Recursos Humanos: Automação do cálculo da folha de pagamento e análise de performance.
Desafios e Oportunidades
Apesar dos avanços, a implementação da IA no Brasil ainda enfrenta desafios, como a falta de infraestrutura tecnológica, a escassez de talentos qualificados e a resistência cultural. No entanto, o país possui um grande potencial de crescimento nesse mercado, impulsionado por investimentos governamentais e pela crescente adoção da tecnologia pelas empresas.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, defende que o Brasil precisa de investimentos robustos em IA, e o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial prevê R$ 23 bilhões em investimentos até 2028. O objetivo é tornar o Brasil um polo de desenvolvimento e inovação em IA, com aplicações em diversos setores da economia.
Para que a IA gere resultados reais e sustentáveis, é fundamental que as empresas adotem uma abordagem estratégica, focada em resolver problemas concretos e em medir o impacto da tecnologia nos negócios. Além disso, é preciso investir em capacitação e desenvolvimento de talentos, para que o país possa aproveitar ao máximo o potencial da IA.
Em um cenário de crescente competição e transformação digital, a IA se apresenta como uma ferramenta poderosa para impulsionar a inovação e a eficiência. No entanto, é preciso ter clareza sobre os objetivos e expectativas, para que o hype não se sobreponha aos resultados reais.