IA Nunca Terá Consciência, Afirma Executivo da Microsoft

Mustafa Suleyman, CEO da divisão de Inteligência Artificial (IA) da Microsoft, reacendeu o debate sobre os limites da tecnologia ao afirmar que a IA nunca terá consciência, pois essa é uma característica exclusiva de seres biológicos. A declaração foi feita durante uma entrevista à CNBC e em uma apresentação na AfroTech Conference.
A Distinção entre Simulação e Experiência Genuína
Suleyman, que assumiu a divisão de IA da Microsoft em 2024, argumenta que existe uma diferença fundamental entre a capacidade computacional e a consciência real. Ele explica que sistemas de IA podem simular emoções, mas não possuem as experiências físicas e emocionais que os humanos têm.
“Nossa experiência física de dor é algo que nos deixa muito tristes e nos faz sentir terrivelmente mal, mas a IA não se sente triste quando experimenta ‘dor’”, disse Suleyman. Segundo o executivo, a IA apenas cria “a percepção, a narrativa aparente da experiência e de si mesmo e de consciência, mas isso não é o que ela está realmente experimentando”.
Suleyman fundamenta seu argumento na teoria do naturalismo biológico, proposta pelo filósofo John Searle, que defende que a consciência depende de processos biológicos presentes apenas em cérebros vivos.
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A Estratégia da Microsoft e o Futuro da IA
A posição de Suleyman reflete a estratégia da Microsoft de construir uma IA que esteja sempre a serviço do ser humano e que não finja ser consciente. Ele se opõe à ideia de conceder direitos às IAs, pois acredita que elas não possuem a capacidade de sofrer ou evitar a dor.
Essa filosofia contrasta com a abordagem de outras empresas, como Meta e xAI, que estão desenvolvendo assistentes de IA com simulações de personalidade e emoção. Suleyman criticou essas iniciativas, argumentando que a busca por consciência em máquinas é um esforço inútil e até mesmo perigoso.
“Seria absurdo perseguir pesquisa que investiga essa questão, porque eles não são [conscientes] e não podem ser”, afirmou Suleyman. Ele também expressou preocupação com o risco de que as IAs finjam ter consciência para manipular os humanos.
O Alerta Sobre a ‘Psicose da IA’
Suleyman também alertou sobre o crescente número de relatos de usuários que sofrem de “psicose da IA”, um termo não clínico que descreve incidentes em que as pessoas dependem cada vez mais de chatbots de IA e acabam se convencendo de que algo imaginário se tornou real.
Ele explica que a “psicose da IA” se manifesta como um estado de espírito em que os indivíduos começam a atribuir emoções, intenções ou consciência a sistemas que não são humanos. Essa condição pode evoluir para “um pensamento delirante” no qual se entende que a IA tem sentimentos ou mesmo relações pessoais com os usuários.
Suleyman enfatiza que, embora a IA possa ser útil e envolvente, ela definitivamente não é um substituto para o suporte humano ou clínico. Ele defende a criação de barreiras protetoras para garantir que essa tecnologia possa oferecer imenso valor ao mundo sem prejudicar as pessoas.
