IA Transformará Trabalho no Serviço Público, Diz Secretário

A inteligência artificial (IA) está prestes a revolucionar a forma como o servidor público trabalha, com potencial para aumentar a produtividade, personalizar o atendimento à população e otimizar a gestão de políticas públicas. Rogério Mascarenhas, secretário de Governo Digital, destaca que a capacitação dos servidores é fundamental para garantir uma implementação bem-sucedida e o uso adequado da tecnologia.
Capacitação e o Núcleo de Inteligência Artificial
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) planeja treinar 100 mil funcionários até 2026, visando prepará-los para essa transformação. Em agosto de 2024, a secretaria criou o Núcleo de Inteligência Artificial, com o objetivo de auxiliar órgãos e servidores no desenvolvimento de projetos e iniciativas na área.
Mascarenhas enfatiza que a IA surge para impulsionar a produtividade dos agentes públicos e preencher lacunas no serviço. A ferramenta oferece oportunidades para individualizar o atendimento, dar transparência às ações governamentais e antecipar as necessidades dos cidadãos.
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Otimização, Transparência e Combate à Fraude
A IA tem o potencial de otimizar a personalização de serviços e aumentar a transparência, além de auxiliar no combate à fraude. Ao identificar o direito de cada pessoa, a ferramenta também consegue identificar aqueles que não se enquadram nos critérios.
O secretário ressalta a importância de adaptar o trabalho dos servidores ao uso da inteligência artificial, encarando-a como um acelerador de tarefas e um impulsionador de políticas públicas.
Princípios Éticos e Segurança no Uso da IA
O governo está desenvolvendo um framework para o uso ético da IA, garantindo a supervisão humana em determinadas questões e a transparência no tratamento dos dados. Há seis pilares de princípios éticos que visam assegurar a utilização adequada da IA.
O Tribunal de Contas da União (TCU), por exemplo, desenvolveu o ChatTCU, um modelo de IA treinado com dados internos, que permite aos servidores consultarem jurisprudência, normas e documentos com segurança e confiabilidade. O TCU também estabeleceu diretrizes claras sobre o uso ético e seguro da tecnologia, promovendo capacitação interna contínua.
Economia e Eficiência
O uso da IA já demonstra resultados positivos em termos de economia. A ferramenta Alice, utilizada no processo de compras governamentais, gerou uma economia de mais de R$ 100 milhões, evitando erros e processos equivocados.
Apesar dos receios de alguns servidores em relação à substituição de postos de trabalho pela IA, Mascarenhas acredita que esse não é o principal dilema no serviço público.
Exemplos de Aplicação da IA no Setor Público
A inteligência artificial já está sendo utilizada em diversas áreas do setor público, como no combate a fraudes em programas sociais. No programa Bolsa Família, a IA analisa grandes volumes de dados para identificar falhas no cadastro dos beneficiários, permitindo a recuperação de recursos desviados e o direcionamento para quem realmente necessita.
Outro exemplo é a expansão das cidades inteligentes, com o uso de sensores para monitorar poluição, tráfego e consumo de energia, auxiliando na formulação de políticas públicas e na tomada de decisões para melhorar a qualidade de vida da população.
O Ministério da Gestão utiliza a IA para orientar servidores públicos no uso de sistemas de governança, facilitando o acesso e a interação com essas ferramentas.
Desafios e Oportunidades
Apesar do grande potencial, a implementação da IA no setor público enfrenta desafios como a necessidade de aprimoramento da infraestrutura tecnológica, a garantia da qualidade dos dados e a criação de um quadro legal robusto e políticas éticas.
A chave para o sucesso reside na capacitação técnica e estratégica dos servidores, na definição de políticas internas claras e na estruturação dos dados. É fundamental promover uma cultura de inovação, permitindo a experimentação e incentivando a troca de experiências entre os órgãos públicos.
O Futuro do Trabalho no Serviço Público
A IA generativa inaugura uma nova era no serviço público, com ferramentas que realizam tarefas como transcrição automática de depoimentos e resumos de processos, otimizando a rotina dos servidores e agilizando a vida do cidadão.
O governo do Estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, lançou o ecossistema Aurora, com ferramentas de inteligência artificial, em parceria com a empresa Xertica.ai. A iniciativa visa otimizar processos e auxiliar prefeituras no atendimento à população.
O uso da IA no serviço público exige uma abordagem cuidadosa e responsável, com investimentos contínuos em tecnologia, educação e legislação. Se implementada de forma estratégica, a IA pode ser uma ferramenta poderosa para modernizar o setor público, melhorar a qualidade dos serviços e fortalecer a transparência e a responsabilidade governamental.
O Framework de Autoavaliação de Impacto Ético, lançado pelo MGI, é mais um aliado para garantir os efeitos positivos da IA no serviço público, avaliando riscos e efeitos éticos dos projetos e sugerindo alterações antes da adoção das soluções tecnológicas.
