Paul McCartney protesta contra IA com faixa silenciosa

Paul McCartney, o lendário ex-Beatle, lançou uma faixa silenciosa como forma de protesto contra o uso de Inteligência Artificial (IA) na música. A faixa faz parte de um álbum coletivo intitulado Is This What We Want?, que reúne gravações praticamente mudas de diversos artistas. O álbum será lançado em vinil em dezembro e simboliza a preocupação da indústria musical com o uso não autorizado de composições reais no treinamento de modelos generativos de IA.
O que é a faixa silenciosa?
A faixa de McCartney, intitulada “(Bonus Track)”, tem dois minutos e 45 segundos de duração. A gravação consiste em chiados e ruídos esporádicos captados em um estúdio quase silencioso. A obra é uma crítica à exploração indevida de produções musicais sem proteção legal adequada, o que pode sufocar a criatividade e silenciar artistas reais.
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O álbum Is This What We Want?
O projeto foi idealizado por Ed Newton-Rex, compositor e ativista que defende regras mais rígidas para impedir que grandes empresas usem obras autorais sem pagamento ou autorização. Para o grupo envolvido, essa prática coloca em risco não apenas carreiras individuais, mas todo o ecossistema criativo. O álbum apresenta gravações feitas em estúdios e salas de concertos vazias, ilustrando o impacto que as propostas do governo teriam no sustento dos músicos.
Mais de mil artistas colaboraram neste álbum silencioso, incluindo nomes como Annie Lennox, Damon Albarn, Jamiroquai, Hans Zimmer e Kate Bush. Cada música na versão digital original do álbum tinha um título de uma palavra que, quando listadas em ordem, formavam a frase: “The British Government Must Not Legalize Music Theft to Benefit AI Companies” (O Governo Britânico Não Deve Legalizar o Roubo de Música para Beneficiar Empresas de IA).
Preocupações com a IA na indústria musical
A iniciativa de McCartney e outros artistas surge em um momento de crescente preocupação com o uso de IA na indústria musical. Músicos temem que empresas de tecnologia usem suas obras para treinar modelos de IA sem permissão ou compensação. Essa prática pode levar à desvalorização da música e à perda de controle dos artistas sobre suas próprias criações.
McCartney já havia expressado suas preocupações sobre a IA, afirmando que é preciso ter cuidado para que a tecnologia não saia do controle e prejudique jovens compositores e escritores. Ele defende que os criadores de música devem ser devidamente compensados quando suas obras são utilizadas em plataformas de streaming.
Regulamentação no Reino Unido
O protesto ocorre no momento em que músicos intensificam a pressão sobre o governo britânico. Eles pedem que o país rejeite propostas que facilitem a mineração de dados e o uso de obras protegidas por direitos autorais no treinamento de modelos tecnológicos. O governo trabalhista está pressionando por um projeto de lei que criaria uma exceção à lei de direitos autorais para facilitar a utilização de conteúdo criativo na formação de modelos de IA.
De acordo com uma pesquisa realizada pela UK Music, dois em cada três artistas e produtores acreditam que a IA representa uma ameaça às suas carreiras. Mais de nove em cada dez querem que sua imagem e voz sejam protegidas e exigem ser compensados pelas empresas de IA que utilizam suas criações.
Outros artistas se juntam ao protesto
Além de Paul McCartney, outros artistas renomados como Kate Bush, Hans Zimmer, Pet Shop Boys, Annie Lennox, Damon Albarn, Jamiroquai e Max Richter também se juntaram ao protesto contra o uso não autorizado de IA na música. Eles assinaram cartas abertas e participaram do álbum Is This What We Want? para expressar suas preocupações e defender os direitos dos criadores.
A iniciativa busca alertar sobre os riscos da exploração indevida da propriedade intelectual e pressionar por uma regulamentação mais justa e transparente do uso de IA na indústria musical.
