Plano Brasileiro de IA é lançado com R$23 bi em investimentos

O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) foi oficialmente publicado sob a coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Esta iniciativa estratégica, elaborada no âmbito do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) com apoio técnico do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), visa orientar o desenvolvimento ético, seguro e sustentável da inteligência artificial no Brasil.
Investimentos e Metas do PBIA
O plano prevê investimentos de até R$ 23 bilhões ao longo de quatro anos e foi entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI) em julho de 2024. Desde então, tem servido como base para ações coordenadas do governo federal para promover a IA como vetor estratégico de desenvolvimento nacional.
Entre as metas estabelecidas, destaca-se a aquisição de um dos cinco supercomputadores mais potentes do mundo. Essa aquisição tem como objetivo ampliar significativamente a capacidade nacional de processamento de dados e impulsionar pesquisas avançadas em IA.
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Declarações e Perspectivas
Caetano Penna, diretor do CGEE, enfatiza que o plano é um instrumento dinâmico e que a versão apresentada ao presidente Lula já passou por atualizações. “Com o PBIA, mostramos que o Brasil atua para ser protagonista ativo na definição dos rumos da inteligência artificial global. Somos líderes na América Latina em produção científica sobre o tema e temos forças e oportunidades para consolidar a IA como vetor de desenvolvimento e projeção internacional do país”, afirmou.
A ministra Luciana Santos destaca o compromisso com uma IA alinhada às demandas e características brasileiras: “Não desejamos simplesmente importar soluções; queremos desenvolvê-las aqui, por brasileiros e para brasileiros, considerando nossas particularidades sociais, culturais e econômicas”. As diretrizes do plano abrangem desde o estímulo à pesquisa e à formação de talentos até a promoção de ambientes regulatórios que assegurem segurança, transparência e proteção de dados. O PBIA também incentiva a aplicação da IA no setor público, visando aprimorar serviços essenciais e fortalecer políticas públicas baseadas em evidências.
IA para o Bem-Estar Social
O governo federal implementa diversas iniciativas que utilizam a IA para melhorar serviços públicos, otimizar processos e promover o bem-estar social. A proposta do PBIA é a espinha dorsal dessa estratégia, abrangendo áreas como saúde, educação, meio ambiente, segurança pública, agricultura e gestão governamental.
Exemplos de Aplicação da IA no Setor Público
- Receita Federal: Testes para auxiliar na classificação e julgamento de processos administrativos fiscais.
- Ministério das Relações Exteriores: Lançamento de chatbot baseado em IA para atender cidadãos em consulados brasileiros.
- Ministério da Educação: Monitoramento de egressos da rede federal de ensino técnico para combater a evasão escolar.
- Ministério do Trabalho e Emprego: Plataforma que conecta vagas de emprego a candidatos cadastrados no Sistema Nacional de Emprego (Sine).
- Hospitais Federais: Adoção da tecnologia para auxiliar no diagnóstico por imagem.
- Programa Bolsa Família: Utilização da IA para identificar inconsistências nos cadastros dos beneficiários.
- Ministério da Justiça: Emprego da IA para gerenciar mídias capturadas por câmeras corporais de policiais.
- Controladoria Geral da União (CGU): Utilização da tecnologia para auditar prestações de contas públicas.
- Embrapa: Desenvolvimento do “Rural Chat”, um portal de informações para agricultores com chatbot alimentado por IA.
- Ministério do Meio Ambiente: Sistemas de IA para mapear áreas verdes, identificar ilhas de calor, rastrear produtos florestais e monitorar a conformidade ambiental.
O Modelo DeepSeek e o Cenário Brasileiro
O DeepSeek, modelo da startup chinesa, demonstrou que é possível obter resultados equivalentes aos das Big Techs com menos recursos. Inspirado por esse modelo, o Brasil busca combinar referências internacionais com inovações locais, aproveitando vantagens como energia limpa e infraestrutura já instalada. A expansão do supercomputador Santos Dumont e o desenvolvimento de um modelo de linguagem próprio em português (LLM) são passos importantes nessa direção.
A ministra Luciana Santos reforça a viabilidade do plano brasileiro: “O DeepSeek mostrou que é possível obter resultados equivalentes aos do ChatGPT com menos recursos, e isso é muito importante nesse momento”. O PBIA busca alinhar-se a princípios como bem-estar social, soberania tecnológica, sustentabilidade ambiental e ética, garantindo que a IA seja uma ferramenta de desenvolvimento social e econômico.