Santa Sé Defende Regulação Ampla da Inteligência Artificial

A Santa Sé, representada pela irmã Raffaella Petrini no Evento de Alto Nível WSIS+20 2025, fez um apelo por uma regulamentação mais ampla da inteligência artificial (IA). A iniciativa surge em meio a crescentes preocupações sobre o impacto da IA em diversas áreas da sociedade, incluindo o mercado de trabalho, a disseminação de desinformação e a ética digital.
Preocupações e Riscos da IA
O Vaticano tem expressado preocupação com o uso da IA para a criação de deepfakes e a disseminação de desinformação, que podem afetar processos democráticos e fomentar a polarização política. Além disso, a Santa Sé alerta para o risco de desemprego massivo e precarização das condições laborais devido à automação, defendendo que a tecnologia deve ser usada para melhorar a qualidade do trabalho, e não para desvalorizar o trabalhador humano.
Em janeiro de 2025, o Vaticano já havia divulgado um documento sobre a ética da IA, alertando que a tecnologia contém “a sombra do mal” em sua capacidade de espalhar desinformação e minar os fundamentos da sociedade. O Papa Francisco tem sido um crítico consistente dos perigos da IA, pedindo que os governos fiquem atentos ao desenvolvimento da inteligência artificial e que não permitam que algoritmos decidam o destino da humanidade.
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A Posição da Santa Sé
A Santa Sé não rejeita a IA, reconhecendo que ela pode introduzir inovações importantes em diversos campos. No entanto, defende que a IA deve complementar a inteligência humana e nunca substituí-la, enfatizando que as máquinas não possuem consciência ou moralidade. O Vaticano propõe uma abordagem ética global para a IA e sugere a criação de organismos internacionais que supervisionem o desenvolvimento e aplicação da tecnologia, garantindo que esta seja usada para o bem comum.
O Arcebispo Gabriele Caccia, observador permanente da Santa Sé na ONU em Nova York, também enfatizou a importância de que os benefícios da IA estejam disponíveis para todos, e não apenas para “alguns poucos privilegiados”.
Regulamentação e Diretrizes
Em janeiro de 2025, a Cidade do Vaticano implementou novas diretrizes sobre inteligência artificial, estabelecendo proibições estritas sobre o uso de IA nas instituições do Estado do Vaticano. As diretrizes se inspiram no regulamento de IA da União Europeia e reforçam os princípios de transparência, inclusão e responsabilidade ética.
As novas regulamentações proíbem o uso de sistemas de IA que comprometam a segurança da Cidade do Vaticano, que excluam o acesso de pessoas com deficiência a seus recursos ou que façam “inferências antropológicas com efeitos discriminatórios sobre os indivíduos”. Também é proibido qualquer uso de IA que entre em conflito com a missão do Papa, a integridade da Igreja ou as atividades institucionais da Santa Sé.
O Futuro da IA
A Santa Sé continua a monitorar de perto o desenvolvimento da IA, buscando garantir que a tecnologia seja utilizada de forma ética e responsável, a serviço do bem comum e da dignidade humana. A regulamentação mais ampla da inteligência artificial é vista como essencial para mitigar os riscos e maximizar os benefícios da tecnologia para a sociedade.