Seguradoras Aceleram Digitalização com IA Generativa

As seguradoras brasileiras estão cada vez mais investindo em inteligência artificial (IA) generativa para acelerar a transformação digital no setor. Essa tecnologia tem o potencial de otimizar custos, personalizar serviços e redefinir o conceito de seguro. A Mapfre, por exemplo, anunciou a criação de um Centro de Inteligência Artificial com atuação no Brasil, Espanha e Estados Unidos, reunindo especialistas para coordenar projetos e acelerar a adoção de IA.
Adoção da IA Generativa no Setor de Seguros
A adoção da IA generativa não se restringe à Mapfre. Um relatório da Bain & Company indica que essa tecnologia pode aumentar a receita das seguradoras em até 20%, além de reduzir custos operacionais entre 5% e 15%. Estima-se que a economia global gerada pela IA no setor de seguros possa chegar a US$ 50 bilhões por ano. Uma pesquisa recente da SAS revelou que 9 em cada 10 seguradoras planejam investir em IA ainda em 2025, embora haja preocupações com governança ética e conformidade regulatória.
Fábio Tiepolo, fundador da StaryaAI e especialista em IA generativa aplicada a negócios, explica que a IA generativa é capaz de entender contextos e não apenas executar tarefas pré-programadas. No mercado de seguros, isso significa acelerar a análise de apólices e criar canais de atendimento em linguagem natural, disponíveis 24 horas por dia, com a mesma eficiência de um especialista humano.
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Benefícios da IA Generativa
A inteligência artificial generativa oferece diversos benefícios para o setor de seguros, incluindo:
- Automação de serviços: Cotação, precificação, abertura de sinistros e atendimento ao cliente.
- Detecção de fraudes: Modelos generativos podem cruzar dados de diversas fontes, identificar padrões atípicos e acionar alertas antes mesmo que o sinistro seja processado.
- Personalização de apólices: Análise de dados para personalizar apólices, ampliar o alcance dos produtos e reduzir custos para os consumidores.
- Otimização de processos: A IA pode tornar mais rápidas e precisas as análises de grandes bases de informações, incrementando o cálculo de preços e aprofundando o detalhamento das condições de cobertura dos seguros.
Exemplos de Aplicação da IA
A Porto Seguro, por exemplo, utiliza a IA em diversas etapas da cadeia de valor de sinistros, buscando proporcionar uma jornada mais transparente para seus clientes. A empresa aplica modelos na área de modelagem e precificação, o que permite criar ofertas mais precisas e personalizadas. Durante a regulação do sinistro, a Porto Seguro utiliza um modelo de deep learning que elabora orçamentos por meio da leitura de imagens, permitindo uma avaliação mais precisa e rápida dos danos.
Outras seguradoras também estão investindo em IA para melhorar a experiência do cliente e gerar resultados comerciais mais eficientes. A OdontoPrev, por exemplo, utilizou a IA generativa para estimar consumo e custos, enquanto a plataforma Busca de Rede apresentou 90% de assertividade na indicação de especialidades odontológicas.
Desafios e Tendências
Apesar dos benefícios, a implementação da IA generativa no setor de seguros enfrenta alguns desafios, como a necessidade de adaptar os sistemas legados, o alto custo de implementação de novas tecnologias, a escassez de talentos especializados em IA e a complexidade regulatória.
No entanto, as perspectivas para o futuro são promissoras. A antiga rivalidade entre seguradoras tradicionais e insurtechs está dando lugar a uma era de colaboração. A IA generativa, o Open Insurance e a Hyper Automation são apontadas como tendências que irão personalizar e acelerar produtos, ampliar canais e integrações, e garantir escala e eficiência.
Katia Galvane, Diretora de Insurance e Health da NTT DATA, destaca que o Brasil se destaca como o principal motor de inovação em seguros na América Latina, abrigando 206 insurtechs, quase metade de todas as operações na região. O potencial é tão grande que o mercado brasileiro deve atingir US$ 2,9 bilhões até 2030.
Em um cenário onde a tecnologia se torna cada vez mais crucial, as seguradoras que não adotarem a IA generativa correm o risco de ficar para trás. A transformação digital não é apenas uma questão de otimizar custos, mas de redefinir o próprio conceito de seguro.