Serpro lança IA ‘ConversAI Studio’ para órgãos públicos

O Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) lançou o ConversAI Studio, uma plataforma de inteligência artificial (IA) generativa voltada para o uso exclusivo de órgãos públicos no Brasil. A ferramenta, que funciona como um “ChatGPT para chamar de seu”, já está em fase de testes e pode ser acessada por instituições federais, estaduais e municipais.
O que é o ConversAI Studio?
O ConversAI Studio é uma solução de IA que permite aos servidores públicos “conversar” com as bases de dados de suas instituições. A plataforma foi desenvolvida para democratizar o uso da inteligência artificial generativa dentro do governo, garantindo a segurança e o controle dos dados.
Segundo o Serpro, a ferramenta possibilita que os órgãos da administração pública utilizem modelos de linguagem avançados (LLMs) para consultar informações, obter respostas e gerar conhecimento a partir de suas próprias bases de dados. O gerente do Centro de Excelência em Ciência de Dados e Inteligência Artificial do Serpro, Carlos Rodrigo Fonseca, explicou que o ConversAI Studio é projetado para o setor público e executado integralmente na infraestrutura do Serpro.
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Como funciona?
O ConversAI Studio utiliza modelos open source, como Mistral, Llama e Gemma, dispensando parcerias com empresas estrangeiras como OpenAI ou Google. A plataforma permite que cada instituição defina suas próprias bases de conhecimento e níveis de acesso. O Serpro também oferece treinamentos e suporte técnico para facilitar a adoção da tecnologia.
A ferramenta é uma implementação de RAG (Retrieval-Augmented Generation) como serviço, permitindo à IA consultar bases de conhecimento específicas antes de formular uma resposta. Isso significa que um funcionário público pode usar a IA para interagir com o acervo de dados de sua instituição, pedindo resumos de documentos técnicos, localizando normativas complexas ou obtendo respostas contextualizadas sobre seu trabalho.
Por que o Serpro desenvolveu essa IA?
Um dos principais objetivos do Serpro ao desenvolver o ConversAI Studio é garantir a soberania digital, a confidencialidade e a conformidade com as leis de proteção de dados. Diferente das plataformas comerciais baseadas em servidores estrangeiros, a solução do Serpro é totalmente nacional e executada dentro dos datacenters da estatal, garantindo que nenhuma informação saia do território brasileiro.
A iniciativa também está alinhada com os planos do governo federal de criar um ChatGPT brasileiro voltado à modernização da máquina pública e à redução da dependência de big techs estrangeiras. O movimento reforça o esforço do país em construir um ecossistema tecnológico próprio, especialmente em um momento em que o Brasil assinou um tratado na ONU para combater crimes cibernéticos, fortalecendo a proteção de dados e a responsabilidade digital no setor público.
Quais os benefícios esperados?
Os primeiros testes do ConversAI Studio no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e na PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) têm mostrado resultados positivos, especialmente na agilidade na tomada de decisões e na automatização de consultas internas. O Serpro afirma que a receptividade tem sido “muito favorável”, com relatos de aumento de eficiência operacional e melhor aproveitamento das informações institucionais.
A advogada Manuela Silva, membro da Comissão Especial de Tecnologia e Inovação da OAB-SP, acredita que a criação do ConversAI Studio é um passo importante para modernizar o serviço público. Segundo ela, a tecnologia pode tornar o atendimento ao cidadão mais rápido e eficiente, reduzindo prazos e facilitando o acesso à informação.
O futuro da IA no governo
O lançamento do ConversAI Studio é parte de um esforço maior do governo brasileiro em investir em inteligência artificial para melhorar os serviços públicos e promover o desenvolvimento social. O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), por exemplo, prevê investimentos de R$ 23 bilhões ao longo de quatro anos.
Durante a Semana de IA do Serpro, o Ministério da Gestão e da Inovação (MGI) apresentou o Framework de Ética em IA, uma ferramenta para orientar os órgãos federais na avaliação de riscos e boas práticas na aplicação da tecnologia. O Serpro também utiliza a inteligência artificial para reforçar a segurança da informação, protegendo os dados dos cidadãos e combatendo o cibercrime.
Com essas iniciativas, o Brasil busca se posicionar como uma referência global no desenvolvimento e uso ético e sustentável da inteligência artificial no setor público.
