Universal enfrenta IA por direitos autorais

A Universal Pictures está tomando medidas enérgicas contra o uso não autorizado de seus filmes para treinar sistemas de inteligência artificial (IA). O estúdio, responsável por franquias como Velozes e Furiosos e Jurassic Park, implementou avisos legais em seus filmes e está preparado para litigar contra empresas de tecnologia que infringirem seus direitos autorais. Essa postura reflete uma crescente preocupação em Hollywood sobre o impacto da IA generativa na propriedade intelectual e na indústria do entretenimento.
Contexto da Disputa
A briga entre os estúdios de Hollywood e as empresas de tecnologia se intensificou com o avanço da IA generativa. Ferramentas de IA, como o gerador de imagens Midjourney, demonstraram a capacidade de replicar cenas e personagens de filmes populares, levantando questões sobre a legalidade do uso de obras protegidas por direitos autorais no treinamento de algoritmos. Essa capacidade de replicação fiel sugere que os sistemas de IA podem ter sido treinados com cópias não autorizadas dos filmes, o que motivou reações legais da Universal e de outros estúdios, como a Disney.
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Aviso Legal e Medidas Protetivas
Desde junho de 2025, a Universal Pictures incluiu avisos nos créditos finais de seus filmes, começando com o live-action de Como Treinar o Seu Dragão. O aviso declara que o filme “não pode ser usado para treinar IA”. Essa mensagem também está presente em lançamentos como Jurassic World Rebirth e Os Caras Malvados 2. O objetivo é proteger as produções originais em um cenário onde há um número crescente de cópias feitas por inteligência artificial.
O aviso legal destaca que a obra é protegida pelas leis dos Estados Unidos e de outros países, e que a duplicação, distribuição ou exibição não autorizada pode resultar em responsabilidade civil e processo criminal. Em alguns países, o estúdio se baseia em uma legislação de direitos autorais da União Europeia de 2019, que permite aos criadores reservar explicitamente seus direitos para impedir que suas obras sejam usadas em pesquisas científicas, como o treinamento de IA.
Processo contra a Midjourney
Em junho de 2025, a Disney e a Universal entraram com uma ação judicial contra a startup de inteligência artificial Midjourney, acusando a empresa de violar direitos autorais ao usar obras protegidas para treinar seu software de geração de imagens. O processo, protocolado na Justiça dos Estados Unidos em Los Angeles, alega que a Midjourney se apropriou de inúmeras obras para criar imagens que incorporam personagens famosos das duas gigantes do entretenimento, como Darth Vader, Minions, Elsa de Frozen, Shrek e Homer Simpson.
As empresas de Hollywood argumentam que a Midjourney é um “típico aproveitador de direitos autorais e um poço sem fundo de plágio”. A Disney e a Universal pedem indenização máxima não especificada por danos estatutários, uma contagem dos lucros obtidos pela Midjourney usando personagens dos selos e uma medida cautelar contra a empresa de IA.
O Impacto da IA na Indústria Cinematográfica
A inteligência artificial está transformando a indústria cinematográfica, impactando a criação de efeitos especiais, a animação e a pós-produção. Algoritmos de aprendizado profundo são usados para criar animações mais fluidas e naturais, economizando tempo e esforço na produção. Na pós-produção, a IA tem desempenhado um papel importante na automação de vários processos.
A IA também pode ser usada para criar conteúdo mais personalizado, analisando dados sobre as preferências do usuário e fazendo recomendações com base nesses dados. Além disso, a IA pode auxiliar na criação de roteiros, analisando padrões narrativos, gêneros de sucesso e preferências do público.
Desafios e Preocupações
Apesar dos benefícios, a crescente presença da IA na indústria cinematográfica levanta preocupações sobre o futuro profissional e a individualidade da expressão artística. A automação de tarefas pode levar à substituição de empregos e desequilíbrios econômicos no setor. A ideia de máquinas assumindo papéis anteriormente reservados para humanos levanta questões sobre a autenticidade das representações e o uso excessivo de recursos digitais.
O Futuro da Disputa
A batalha legal entre a Universal, a Disney e a Midjourney é vista como um aviso para outras empresas de IA que utilizam material protegido sem autorização. O resultado desse processo poderá definir o futuro da relação entre Hollywood e a indústria de IA, estabelecendo limites e diretrizes para o uso de conteúdo protegido por direitos autorais no treinamento de algoritmos.
Enquanto algumas empresas de Hollywood começam a aceitar a nova tecnologia, outras estão se opondo a ela. A Universal parece estar entre os últimos estúdios, tomando medidas severas contra as empresas que usam seus filmes para treinar modelos de IA. A empresa está comprometida em defender seus direitos autorais e já deixou claro para as big techs que o uso indevido de suas obras terá consequências legais.
