Vício em IA Generativa Leva Executiva a Colapso Mental

O Alerta de uma Executiva: O Lado Sombrio da Criação de Imagens com IA
Em um relato que acendeu um alerta sobre os riscos da inteligência artificial generativa para a saúde mental, a executiva Caitlin Ner revelou ter sofrido um colapso psicológico grave após desenvolver um vício em criar imagens de si mesma com a tecnologia. Diretora de experiência do usuário (UX) em uma startup de IA, Ner mergulhou em uma rotina compulsiva que a levou a um episódio de psicose, destacando os perigos da dependência digital e da busca incessante por padrões estéticos idealizados.
A história de Ner, originalmente publicada pela revista Newsweek, serve como um estudo de caso sobre como a tecnologia de ponta, que promete aprimorar a criatividade e a produtividade, pode se tornar um gatilho para a dependência e o sofrimento psíquico. O caso é particularmente notável por envolver uma profissional que trabalhava diretamente com a ferramenta, evidenciando que a familiaridade com a IA não imuniza contra seus impactos psicológicos.
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A Transição de Hobby para Compulsão
A executiva inicialmente encontrou fascínio na capacidade da IA de gerar retratos hiper-realistas de si mesma em cenários imaginários. No entanto, o que começou como uma atividade de trabalho e lazer rapidamente se transformou em uma obsessão. Ner relatou passar até nove horas por dia criando versões artificiais de si mesma, explorando diferentes identidades — de anjo a exploradora espacial.
O ponto de virada na experiência de Ner ocorreu com a evolução da tecnologia. Inicialmente, as imagens geradas apresentavam distorções e imperfeições, o que, segundo ela, já impactava sua percepção corporal. Contudo, à medida que os modelos de IA se tornaram mais sofisticados, os retratos passaram a exibir um padrão estético cada vez mais irreal e idealizado: rostos sem falhas, corpos esguios e traços perfeitos. A comparação constante entre sua imagem real e as versões artificiais geradas pela IA desencadeou uma profunda insatisfação com a própria aparência.
Este ciclo de criação e comparação gerou uma recompensa imediata e constante, um mecanismo psicológico semelhante ao de outras formas de vício digital. Cada novo resultado trazia uma descarga de prazer instantâneo, reforçando o comportamento compulsivo e levando Ner a negligenciar o sono e outras responsabilidades da vida real para continuar o ciclo de geração de imagens.
Os Sintomas do Colapso e o Episódio Psicótico
A rotina exaustiva de criação de imagens levou a um colapso mental. Ner, que já havia sido diagnosticada com transtorno bipolar e estava estável sob tratamento, teve seu quadro de saúde mental desestabilizado pela intensidade do uso da IA. O vício culminou em um episódio maníaco com psicose, no qual a executiva perdeu o contato com a realidade.
Durante a psicose, Ner relatou ver mensagens ocultas nas imagens geradas e ouvir vozes, algumas reconfortantes e outras hostis. Em um momento crítico, ao ver uma imagem sua montada em um cavalo alado, ela passou a acreditar que poderia voar. As alucinações chegaram a incentivá-la a pular de sua varanda, afirmando que nada aconteceria com ela. Foi nesse ponto que a intervenção de pessoas próximas e o tratamento intensivo se tornaram cruciais para sua recuperação.
Vulnerabilidade e Riscos Psicológicos da IA Generativa
O caso de Caitlin Ner ilustra um fenômeno emergente de dependência tecnológica que preocupa especialistas em saúde mental. A facilidade de uso da IA generativa, combinada com a capacidade de criar mundos e identidades personalizadas, pode ser particularmente viciante. Diferentemente das redes sociais, onde a interação é mediada por terceiros, a IA oferece um feedback loop de gratificação instantânea e sem críticas, criando uma dependência emocional e um afastamento da realidade.
Especialistas alertam que a IA generativa pode exacerbar problemas de autoestima e dismorfia corporal, especialmente em pessoas vulneráveis. A exposição constante a padrões estéticos irreais, criados pela própria tecnologia, pode levar a uma insatisfação crônica com a aparência e a uma busca incessante por uma versão idealizada de si mesmo. Além disso, a dependência de chatbots emocionais ou de ferramentas de criação de conteúdo pode levar ao isolamento social e à perda de habilidades de comunicação interpessoal.
A recuperação de Ner envolveu o afastamento do trabalho e a redução drástica do uso das ferramentas de IA. A executiva defende agora a importância de estabelecer limites claros e de conscientizar sobre os riscos psicológicos da tecnologia. Seu relato serve como um lembrete de que a inovação tecnológica, embora promissora, deve ser utilizada com responsabilidade e atenção aos seus impactos na saúde mental humana.
