Adolescentes passam horas em TikTok e YouTube diariamente, aponta pesquisa

Uso de Mídia Social Aumenta e IA Ganha Espaço Entre Adolescentes Brasileiros
Uma nova pesquisa sobre o consumo de mídia digital revela que adolescentes e crianças brasileiras estão gastando uma quantidade significativa de tempo em plataformas como TikTok e YouTube, com o uso diário se aproximando de duas horas em algumas redes. O estudo, que levanta preocupações sobre o bem-estar mental e a regulação parental, também aponta para um crescimento notável na adoção de ferramentas de inteligência artificial generativa por essa faixa etária, principalmente para fins educacionais.
De acordo com o levantamento TIC Kids Online Brasil, realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), 70% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos no Brasil utilizam redes sociais várias vezes ao dia. O celular é a principal ferramenta de acesso à internet para 96% dos entrevistados, e a frequência de uso diário é alta para a maioria.
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Tempo de Tela: O Domínio do TikTok e YouTube
Os dados mostram que o consumo de conteúdo em vídeo e mídias sociais domina o tempo de tela dos adolescentes. O YouTube e o TikTok se destacam como as plataformas mais consumidas. Enquanto o YouTube é acessado várias vezes ao dia por 48% dos usuários (e mais popular entre os mais novos, de 9 a 10 anos), o TikTok apresenta um tempo médio de uso diário extremamente elevado.
Um levantamento internacional realizado pelo aplicativo de controle parental Qustodio com mais de 400 mil famílias revelou que crianças e adolescentes passam em média 112 minutos (1 hora e 52 minutos) por dia no TikTok. Este dado representa um aumento de 5% em relação ao ano anterior e coloca o TikTok à frente do YouTube, que até recentemente era a plataforma de vídeo mais acessada por esse público. O tempo de uso no TikTok é 60% superior ao gasto no YouTube, de acordo com o mesmo relatório.
A natureza viciante do TikTok, com seu algoritmo de rolagem infinita e vídeos curtos, é apontada como um fator chave para o alto engajamento. Especialistas alertam que esse modelo pode explorar a busca por dopamina, aumentando a chance de dependência entre os jovens. Além disso, a pesquisa TIC Kids Online Brasil identificou que 46% dos adolescentes assistem a vídeos de influenciadores digitais várias vezes ao dia, evidenciando a forte influência desses criadores de conteúdo.
A Ascensão da Inteligência Artificial Generativa
Uma das descobertas mais recentes e significativas da pesquisa é o crescimento do uso de inteligência artificial (IA) generativa entre os jovens. A pesquisa TIC Kids Online Brasil de 2025 revelou que 65% das crianças e adolescentes no Brasil já utilizaram ferramentas de IA. O uso da tecnologia cresce conforme a idade, sendo mais prevalente entre os adolescentes de 15 a 17 anos.
Os principais motivos para o uso da IA são:
- Pesquisa escolar e estudos: 59% dos usuários de IA recorrem à tecnologia para auxiliar em tarefas acadêmicas.
- Criação de conteúdo: 21% usam a IA para gerar textos e imagens.
- Informações gerais: 42% buscam informações variadas.
Um dado que chama a atenção é o uso da IA para fins de saúde mental: 10% dos adolescentes afirmaram conversar com a IA sobre problemas pessoais ou emoções. Essa prática é mais comum entre os jovens de 13 e 14 anos.
Implicações e Desafios para Pais e Educadores
O aumento do tempo de tela e a adoção de novas tecnologias como a IA trazem consigo desafios para a saúde mental e a segurança digital dos jovens. A correlação entre o uso excessivo de mídias sociais e o aumento de problemas como ansiedade e depressão é uma preocupação constante de especialistas. A pesquisa do Cetic.br aponta que metade dos adolescentes (45%) sente que gasta tempo demais nas mídias sociais, um aumento em relação a pesquisas anteriores.
Apesar disso, a regulação parental ainda é um ponto fraco. O estudo TIC Kids Online Brasil mostra que, embora a maioria dos pais e responsáveis se preocupe com a segurança online, apenas metade deles estabelece regras de uso com os filhos. A falta de supervisão e a dificuldade em limitar o tempo de tela são desafios para a promoção de um ambiente digital mais saudável.
