Asteroides ‘invisíveis’ de Vênus: Risco para a Terra?

Um estudo liderado por cientistas brasileiros revelou que asteroides ‘invisíveis’ que compartilham a órbita de Vênus podem representar uma ameaça para a Terra em um futuro distante. A pesquisa, publicada na revista Astronomy & Astrophysics, destaca a existência de uma população de asteroides difíceis de detectar que podem colidir com a Terra em milhares de anos, causando destruição em grandes cidades.
O que são asteroides coorbitais de Vênus?
Os asteroides coorbitais de Vênus são corpos rochosos que orbitam o Sol na mesma região orbital do planeta Vênus. Ao contrário dos asteroides localizados no Cinturão de Asteroides entre Marte e Júpiter, esses asteroides estão mais próximos da Terra. Atualmente, cerca de 20 asteroides coorbitais de Vênus são conhecidos, mas os cientistas acreditam que muitos mais permanecem não detectados devido à sua dificuldade de observação.
Por que são difíceis de detectar?
Esses asteroides são difíceis de observar porque muitos deles possuem órbitas mais circulares e estão frequentemente escondidos pelo brilho do Sol. Além disso, eles alternam entre diferentes configurações orbitais em ciclos de aproximadamente 12 mil anos, o que pode levá-los a cruzar a órbita da Terra em determinados momentos.
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Qual o nível de ameaça?
Embora nenhum dos asteroides coorbitais conhecidos represente uma ameaça imediata à Terra, simulações de longo prazo mostram que alguns desses corpos podem se aproximar perigosamente do nosso planeta ao longo do tempo. Asteroides com cerca de 300 metros de diâmetro poderiam causar crateras de 3 a 4,5 quilômetros e liberar energia equivalente a centenas de megatons de TNT. Um impacto em uma área densamente povoada causaria devastação em larga escala.
Mesmo asteroides visíveis podem se tornar perigosos nos próximos 12 mil anos, passando a menos de 7,5 milhões de quilômetros da órbita terrestre. Essa distância, em termos astronômicos, é considerada pequena, tornando os impactos quase certos em escalas de milênios.
Como detectar os asteroides ‘invisíveis’?
O estudo indica que mesmo o Observatório Vera Rubin, recém-inaugurado no Chile, teria dificuldades em detectar esses asteroides, com visibilidade limitada a curtas janelas de tempo. A detecção mais eficaz pode vir de telescópios espaciais, como a missão Neo Surveyor da NASA, que permitiriam uma cobertura mais abrangente e contínua.
Origem dos asteroides coorbitais
Acredita-se que os asteroides coorbitais de Vênus se originaram no Cinturão Principal de Asteroides e foram desviados para órbitas internas devido a interações gravitacionais com Júpiter e Saturno. Essas capturas em ressonância com Vênus são temporárias, durando em média cerca de 12 mil anos.
O que está sendo feito?
O monitoramento de asteroides é realizado há algum tempo, e discute-se a melhor maneira de evitar um impacto caso se mostre uma possibilidade concreta. A Universidade do Arizona (EUA) acompanha o movimento de 108 asteroides considerados os mais perigosos. Além disso, a Agência Espacial Europeia (ESA) inaugurou o Telescópio Flyeye, projetado para escanear os céus em busca de asteroides e cometas que possam impactar a Terra.
A defesa planetária precisa considerar não só o que conseguimos ver, mas também o que ainda não conseguimos, segundo o astrônomo Valerio Carruba.