BRICS Acelera ‘Pix Global’ e Desafia Hegemonia do Dólar

O BRICS está avançando rapidamente com a implementação do BRICS Pay, popularmente conhecido como ‘Pix Global’, um sistema de pagamentos internacionais projetado para facilitar transações mais rápidas, seguras e de baixo custo entre os países membros. Essa iniciativa visa diminuir a dependência do dólar americano no comércio entre as nações do bloco, intensificando as tensões com os Estados Unidos.
O que é o BRICS Pay?
O BRICS Pay não se configura como uma moeda única, mas sim como uma rede que integra diversas tecnologias, incluindo blockchain, QR codes, carteiras digitais e os sistemas de pagamentos nacionais dos países membros. Entre esses sistemas, destacam-se o Pix (Brasil), UPI (Índia), SBP (Rússia), IBPS (China) e PayShap (África do Sul). O sistema utiliza o Decentralized Cross-border Messaging System (DCMS), desenvolvido na Rússia, com capacidade para processar até 20 mil mensagens por segundo.
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Objetivos e Benefícios
O principal objetivo do BRICS Pay é oferecer uma alternativa ao sistema SWIFT, controlado por bancos ocidentais, proporcionando maior independência financeira aos países membros. A iniciativa busca reduzir custos, mitigar riscos cambiais e ampliar a competitividade de setores estratégicos como agronegócio, mineração e energia.
Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), defende o uso de moedas alternativas ao dólar nas transações entre os países do BRICS, visando taxas de juros menores e a redução de riscos cambiais. Atualmente, cerca de um quarto da carteira do NDB já é composta por moedas locais, e o objetivo é aumentar esse percentual.
Repercussão e Tensão com os EUA
O avanço do BRICS Pay tem gerado atritos diplomáticos, com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificando o BRICS como um “grupo antiamericano” e ameaçando impor tarifas de 10% sobre importações de países alinhados ao bloco. Além disso, Trump abriu uma investigação contra o Pix, alegando discriminação contra empresas norte-americanas.
Em julho de 2025, Trump reforçou a ameaça de taxar os países do BRICS em 10%, afirmando que o bloco de emergentes queria derrubar a dominância do dólar. Ele também disse que o BRICS “acabaria rapidamente” se tentassem ameaçar a soberania do dólar.
O Papel do Brasil
Com o Pix já consolidado como um dos sistemas de pagamentos mais avançados do mundo, o Brasil é visto como peça-chave para a interoperabilidade entre os arranjos nacionais. O país assume a presidência rotativa do BRICS em 2026 e deve liderar os esforços de integração.
Especialistas avaliam que o BRICS Pay pode abrir novos mercados e reduzir barreiras técnicas e cambiais para exportadores brasileiros. A eliminação da conversão para o dólar pode baratear exportações e atrair investimentos.
Desafios e Perspectivas
Apesar dos avanços, a implementação do BRICS Pay enfrenta desafios, como a necessidade de integrar sistemas de pagamento instantâneo já existentes nos países membros. A viabilidade do sistema depende da superação de barreiras técnicas e tributárias, além da coordenação entre os diferentes sistemas nacionais.
O lançamento do BRICS Pay está previsto para o final de 2025. Se bem-sucedido, o sistema tem o potencial de transformar o comércio global, promovendo a desdolarização e fortalecendo a autonomia financeira dos países do BRICS.
Alternativa ao SWIFT
O BRICS Pay surge como uma alternativa ao SWIFT, um sistema amplamente utilizado para transações financeiras internacionais. Diferentemente do SWIFT, o BRICS Pay opera de forma descentralizada, sem um controlador central, oferecendo maior independência aos países membros.
A Rússia, particularmente, tem demonstrado forte interesse em evitar o SWIFT, especialmente após as sanções impostas devido à invasão da Ucrânia. A criação de um sistema de pagamento alternativo permitiria a Moscou negociar com parceiros, driblando as sanções econômicas.
Conclusão
O BRICS Pay representa um passo significativo na busca por uma ordem financeira multipolar e na redução da dependência do dólar no comércio internacional. A iniciativa, no entanto, enfrenta desafios e resistências, especialmente por parte dos Estados Unidos. O sucesso do BRICS Pay dependerá da capacidade dos países membros de superar as barreiras técnicas e políticas, consolidando um sistema de pagamentos eficiente e independente.