Cérebro atinge auge entre 55 e 60 anos, diz estudo

Um estudo internacional recente indica que o cérebro humano atinge o seu pico de desempenho entre os 55 e 60 anos. Contrariando a crença de que as habilidades cognitivas declinam progressivamente após a juventude, a pesquisa revela que, nessa faixa etária, a inteligência emocional, a empatia e a sabedoria prática estão em seu auge. Essa fase da vida capacita os indivíduos a tomar decisões mais equilibradas e a resolver problemas complexos de forma eficaz.
Inteligência Emocional e Maturidade
O estudo, que avaliou mais de 67 mil participantes em 16 dimensões cognitivas, emocionais e de personalidade, mostra que diferentes tipos de habilidades atingem o auge em idades distintas. Enquanto a inteligência fluida, relacionada à agilidade cognitiva, atinge o pico entre os 20 e 30 anos, a inteligência cristalizada, que se refere à maturidade emocional e ao acúmulo de conhecimento, tende a crescer ao longo da vida.
O neurologista Daniel Yankelevich explica que características como raciocínio rápido (18 a 22 anos), desempenho físico (20 a 30 anos) e gentileza (50 anos) também têm seus momentos de ápice em diferentes fases da vida. O raciocínio moral, por exemplo, atinge o auge aos 75 anos. Yankelevich destaca que a estabilidade emocional e a capacidade de organização e disciplina tendem a aumentar com a idade, contribuindo para um maior bem-estar e sucesso profissional, frequentemente associados à conquista de cargos de liderança.
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Desempenho Cognitivo ao Longo da Vida
A pesquisa também aponta que o funcionamento mental geral atinge seu pico entre 55 e 60 anos, antes de começar a declinar gradualmente após os 65 anos. Esse declínio se torna mais acentuado após os 75 anos, sugerindo que a redução das funções cerebrais pode se acelerar em idades mais avançadas. No entanto, é importante notar que as experiências individuais variam, e algumas pessoas mantêm suas habilidades cognitivas por mais tempo.
Um estudo da Universidade de Georgetown, em Washington DC, EUA, descobriu que a capacidade do cérebro de absorver rapidamente novas informações e de se concentrar se torna mais nítida com a idade. Os cientistas acreditam que esses aspectos da cognição podem auxiliar na tomada de decisões e no autocontrole, além de contribuir para a navegação, matemática, linguagem e leitura.
O Cérebro Maduro: Flexibilidade e Sabedoria
O diretor da Escola de Medicina da Universidade George Washington argumenta que o cérebro de uma pessoa idosa é mais prático do que normalmente se acredita. Por volta dos 60 anos, a interação dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro se torna harmoniosa, expandindo as possibilidades criativas. Embora o cérebro não seja tão rápido quanto na juventude, ele ganha em flexibilidade, o que leva a decisões mais assertivas e menor exposição a emoções negativas.
O professor Dr. Oury Monchi, da Universidade de Montreal, acredita que o cérebro do idoso escolhe o caminho que consome menos energia, eliminando o desnecessário e mantendo apenas as opções corretas para resolver os problemas. Estudos mostram que, enquanto os jovens podem ficar confusos ao realizar testes, pessoas com mais de 60 anos tomam as decisões certas.
Fatores que Influenciam o Desempenho Cognitivo
A trajetória cognitiva de cada indivíduo é influenciada por diversos fatores externos, como grau de escolaridade, profissão, estilo de vida e engajamento social. A reserva cognitiva, que se refere à capacidade do cérebro de compensar a perda de algumas funções por meio da estimulação, desempenha um papel fundamental na prevenção do declínio intelectual.
Apesar dos desafios enfrentados por trabalhadores mais velhos no mercado de trabalho, é crucial reconhecer o valor da experiência e da maturidade. A pesquisa demonstra que o auge do desempenho cerebral entre 55 e 60 anos pode ser um período de grande produtividade e sucesso, especialmente em cargos de liderança e em atividades que exigem tomada de decisões complexas.
Em resumo, o estudo internacional reforça a ideia de que o envelhecimento não é sinônimo de declínio cognitivo. Pelo contrário, o cérebro humano pode atingir o seu ápice em diferentes momentos da vida, com a inteligência emocional, a empatia e a sabedoria prática florescendo entre os 55 e 60 anos.