Confiança em notícias do ChatGPT é baixa nos EUA, diz pesquisa

Uma pesquisa recente do Pew Research Center revelou que a maioria dos americanos não confia nas notícias fornecidas pelo ChatGPT e outros chatbots de inteligência artificial (IA). O levantamento, que entrevistou 5.153 adultos nos EUA, mostrou que 75% dos entrevistados nunca usam o ChatGPT para se informar. Menos de 1% prefere a IA a outras fontes de notícias, e mais da metade desconfia da precisão das informações.
Desconfiança e uso limitado
Apesar do crescente uso de chatbots de IA nos Estados Unidos, apenas 10% dos americanos buscam notícias no ChatGPT ou similares. Entre os que usam, as experiências são mistas. Um terço acha difícil identificar notícias falsas, enquanto metade se depara com informações imprecisas. Apenas 22% raramente ou nunca encontram notícias imprecisas em chatbots.
A pesquisa indica que a desconfiança não varia significativamente por nível de escolaridade ou posicionamento político. No entanto, a idade parece influenciar a percepção, com os mais jovens demonstrando maior cautela em relação às notícias geradas por IA.
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Implicações para o jornalismo
Os resultados da pesquisa são relevantes para os meios de comunicação digitais, que enfrentam perda de tráfego devido à popularização das IAs e dos resumos gerados por buscadores como o Google. A desconfiança nas notícias geradas por IA pode ser um fator positivo para os veículos de comunicação tradicionais, desde que estes consigam manter a credibilidade e a qualidade da informação.
Preocupações globais
Um relatório do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo também aponta para uma crescente preocupação global com o uso de IA na produção de notícias e desinformação. O estudo, realizado em 47 países, revelou que 52% dos entrevistados nos EUA e 63% no Reino Unido não se sentem à vontade com notícias produzidas majoritariamente com IA. Essa desconfiança é maior em temas delicados como política.
O paradoxo da IA na pesquisa
Outro estudo recente explorou o paradoxo da transparência no uso de IA generativa na pesquisa acadêmica. Embora declarar o uso de IA seja considerado ético, a pesquisa revelou que isso pode diminuir a confiança no pesquisador. A falta de diretrizes claras e o estigma associado à IA dificultam a adoção da transparência necessária para garantir a integridade científica.
IA e fake news
Uma pesquisa da Universidade de Indiana mostrou que a verificação de notícias por meio de IA pode, em alguns casos, aumentar a crença em manchetes falsas. Isso ocorre quando a tecnologia não tem certeza sobre a veracidade das notícias ou quando uma manchete verdadeira é rotulada como falsa. O estudo também descobriu que a opção de visualizar manchetes verificadas com base em modelos de linguagem ampla aumentou a probabilidade de compartilhar notícias verdadeiras e falsas, mas apenas acreditar em fake news.
Confiança na imprensa em declínio
A confiança na imprensa tradicional também está em declínio nos EUA. Uma pesquisa do Instituto Gallup revelou que apenas 28% dos americanos confiam em jornais, televisão e rádio para se informar de maneira completa, justa e precisa. Esse é o menor nível de confiança desde que o acompanhamento começou a ser feito, há quase cinco décadas. A falta de confiança nas notícias é um problema global, mas o Brasil apresenta um nível de confiança geral no noticiário 12 pontos percentuais mais alto que os EUA.
O futuro da IA nas notícias
Apesar da desconfiança e das preocupações, o uso de IA para obter notícias está crescendo. O ChatGPT é o chatbot mais usado, com 29% dos participantes da pesquisa confiando na ferramenta. No entanto, a maioria das outras marcas de IA tem níveis de confiança abaixo de 10%. Entre os jovens de 18 a 24 anos, 59% usam alguma IA generativa.
O cenário atual indica que a IA tem um papel crescente na produção e no consumo de notícias, mas a confiança do público ainda é um desafio a ser superado. A precisão, a transparência e a ética no uso da IA serão cruciais para garantir que a tecnologia seja uma ferramenta útil e confiável para a sociedade.