Golpes contra médicos do RS: Grupo que usava ‘sósias’ é alvo

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, em conjunto com as polícias de São Paulo, Pará e Espírito Santo, deflagrou nesta terça-feira (12) uma nova fase da Operação Medici Umbra, que investiga uma organização criminosa especializada em fraudes digitais contra médicos gaúchos. O grupo utilizava “sósias” e inteligência artificial para invadir contas e aplicar golpes.
Como funcionava o esquema
A organização criminosa recrutava pessoas com semelhança física com os médicos, utilizando as imagens para a produção de documentos falsos. Além disso, usavam inteligência artificial para alterar as imagens, tornando-as ainda mais parecidas com as vítimas, conseguindo inclusive passar por verificações de biometria facial com o uso de selfies alteradas.
Os criminosos invadiam as contas de e-mail dos médicos, obtendo acesso ao sistema gov.br e a documentos pessoais, como declarações de Imposto de Renda. Com esses dados, produziam documentos falsos digitais e físicos, abrindo contas bancárias em nome das vítimas para receber transferências de valores desviados.
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Detalhes da Operação Medici Umbra
Nesta fase da operação, foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão em São Paulo (SP), Ananindeua (PA) e Vila Velha (ES). Os alvos tinham a função de prestar suporte logístico para a prática dos golpes.
Em junho, a Polícia Civil já havia prendido cinco suspeitos de integrarem o grupo criminoso em São Paulo. As apreensões daquela primeira fase permitiram que os policiais descobrissem como funcionava o esquema.
A investigação é do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (Dercc). O delegado Eibert Moreira Neto, diretor do Dercc, explicou que nesta segunda fase foi possível coletar elementos de provas a partir dos mandados da primeira fase, identificando uma segunda camada de indivíduos envolvidos no golpe.
Prejuízos e vítimas
Estima-se que o prejuízo total das fraudes chegue a R$ 780 mil, com pelo menos cinco médicos identificados como vítimas. A polícia identificou um prejuízo de cerca de R$ 80 mil em transferências fraudulentas, além de tentativas de movimentar valores próximos a R$ 800 mil.
Os criminosos tinham como alvos preferenciais médicos com mais de 60 anos e que utilizavam o mesmo provedor de e-mail.
Prisões e investigações
Um dos alvos dos mandados em São Paulo era responsável por recrutar pessoas com semelhança com as vítimas. No Pará e Espírito Santo, os presos também integravam a organização criminosa que invadia contas de médicos para praticar estelionato. Um dos presos no Espírito Santo já estava no sistema prisional e teve um novo mandado de prisão cumprido contra ele.
As investigações começaram em janeiro, após a denúncia de um médico gaúcho que teve a conta de e-mail e a conta gov.br invadidas. A partir das invasões, os criminosos tiveram acesso a documentos pessoais, criaram contas e tentaram efetuar transferências em uma corretora de investimentos que ultrapassaram R$ 700 mil.
A Operação Medici Umbra, que significa “a sombra dos médicos”, faz alusão aos criminosos que agiam como “sombras”, utilizando a identidade e a reputação de profissionais da saúde para cometer os crimes.
A Polícia Civil continua as investigações para localizar possíveis novos envolvidos e vítimas.