Intoxicação por Bebidas Adulteradas Causa Mortes em SP

O estado de São Paulo enfrenta um grave problema de saúde pública devido ao aumento de casos de intoxicação por bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. A situação, que se intensificou em setembro de 2025, já resultou em três mortes e levou à hospitalização de diversas pessoas na Grande São Paulo e cidades do interior. As autoridades de saúde e a polícia estão investigando a origem das bebidas e emitiram alertas à população sobre os riscos do consumo de produtos falsificados.
O Que Aconteceu
Desde o início de setembro, foram registrados diversos casos de intoxicação por metanol em São Paulo e São Bernardo do Campo. As vítimas apresentaram sintomas como visão turva, dor de cabeça, náuseas e, em casos mais graves, insuficiência renal, convulsões e cegueira. Três pessoas não resistiram e faleceram.
A primeira morte foi de um homem de 54 anos, morador da Zona Leste da capital, que apresentou os primeiros sintomas no dia 9 de setembro e morreu no dia 15. Em São Bernardo do Campo, um homem de 38 anos morreu no dia 24 de setembro, e outro de 45 anos faleceu no dia 28.
A Polícia Civil realizou operações em bares da capital paulista, apreendendo mais de 100 garrafas de bebidas suspeitas de conter metanol. Os produtos serão periciados para confirmar a presença da substância tóxica e identificar a origem da adulteração.
Veja também:
O Metanol e Seus Perigos
O metanol (CH₃OH) é um tipo de álcool simples, incolor, inflamável e altamente tóxico. A substância é utilizada na indústria para a produção de solventes, combustíveis, plásticos e tintas, e não é destinada ao consumo humano. A ingestão de pequenas quantidades de metanol pode causar sérios danos à saúde, incluindo cegueira, insuficiência renal, convulsões e morte.
O metanol é de difícil identificação, pois seu odor é semelhante ao do etanol, o álcool presente em bebidas alcoólicas comuns. A adulteração de bebidas com metanol torna o produto mais barato, mas extremamente perigoso para quem o consome.
Investigações e Suspeitas
A principal linha de investigação aponta para o envolvimento da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) na adulteração das bebidas. A suspeita é de que o metanol utilizado para adulterar as bebidas seja o mesmo importado ilegalmente pela facção para misturar aos combustíveis.
Segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), o fechamento de distribuidoras e formuladoras de combustível ligadas ao crime organizado pode ter levado a facção a desviar o metanol para a produção de bebidas falsificadas. A ABCF também aponta que a crise econômica e o desemprego podem ter contribuído para o aumento da criminalidade e da produção de bebidas adulteradas.
Recomendações e Alertas
Diante da gravidade da situação, o Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo (CVS) emitiu uma série de recomendações à população:
- Comprar bebidas apenas de fornecedores seguros e rastreáveis.
- Verificar as embalagens, evitando produtos com lacres tortos, erros de impressão ou preços muito abaixo do mercado.
- Estar atento a sintomas como visão turva, dor de cabeça e náuseas, que podem indicar intoxicação.
- Em caso de suspeita de intoxicação, procurar atendimento médico imediatamente e acionar o Disque-Intoxicação.
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo também recomendou que bares, restaurantes e outros estabelecimentos que vendem bebidas verifiquem a procedência dos produtos oferecidos. A população também deve evitar o consumo de bebidas de origem duvidosa.
Outros Casos e Paralelos
O aumento de casos de intoxicação por metanol em São Paulo traz à memória o caso da cervejaria Backer, em Minas Gerais, que também resultou em mortes e problemas de saúde devido à contaminação por dietilenoglicol. Assim como no caso da Backer, as investigações em São Paulo buscam identificar os responsáveis pela adulteração e garantir que os culpados sejam responsabilizados.
Um caso recente de intoxicação por metanol que ganhou destaque na mídia foi o do estudante Diogo Marques, que perdeu temporariamente a visão após consumir gin adulterado. Outro jovem que consumiu a mesma bebida está internado em estado grave há mais de um mês.
Ações das Autoridades
O Governo de São Paulo criou uma força-tarefa para fiscalizar estabelecimentos suspeitos de vender bebidas adulteradas. A Polícia Civil apreendeu centenas de garrafas de bebidas irregulares e está investigando a cadeia de distribuição dos produtos. As autoridades de saúde estão monitorando os casos de intoxicação e orientando os profissionais de saúde a identificar e tratar rapidamente os pacientes.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que todo o material apreendido será submetido à perícia técnica. Os resultados devem auxiliar na confirmação das fraudes e na identificação da cadeia de distribuição dessas bebidas.