Santa Sé Alerta: Corrida Armamentista Aumenta Risco Nuclear

A Santa Sé manifestou profunda preocupação com a crescente corrida armamentista global e o risco iminente de uma catástrofe nuclear. Dom Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados e as Organizações Internacionais, proferiu duas declarações nas Nações Unidas, reiterando a urgência na ratificação do Tratado de Proibição de Testes Nucleares. O Vaticano tem sido um crítico consistente do desenvolvimento e proliferação de armas nucleares, considerando-as uma ameaça à humanidade.
O Alerta da Santa Sé na ONU
Em seu pronunciamento, Dom Gallagher expressou alarme com o uso crescente da Inteligência Artificial (IA) no rearmamento, o que pode levar a uma escalada perigosa e imprevisível. A Santa Sé teme que a integração da IA em sistemas militares, incluindo armas nucleares, possa desestabilizar ainda mais a segurança global e aumentar o risco de erros de cálculo com consequências catastróficas.
Preocupações com a Inteligência Artificial
O Arcebispo Gallagher destacou os perigos de uma nova corrida armamentista impulsionada pela IA, especialmente em sistemas militares e de defesa antimísseis. Ele alertou que essas tendências podem alterar a natureza da guerra e criar um nível de incerteza sem precedentes, devido à possibilidade de erros de cálculo. A perspectiva de a IA ser incorporada às estruturas de comando e controle nuclear é particularmente preocupante, pois introduz novos riscos desconhecidos que vão além da lógica da dissuasão nuclear.
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O Apelo por Desarmamento e Paz
A Santa Sé tem reiterado o apelo para que os países abandonem a “ilusão” de que a ameaça mútua traz paz, defendendo que a paz só pode ser construída através da justiça, do diálogo e da fraternidade. O Vaticano defende o desarmamento nuclear completo e a utilização pacífica da energia nuclear. Monsenhor Daniel Pacho, Subsecretário de Assuntos Multilaterais da Secretaria de Estado, criticou o excesso de gastos militares, especialmente com armamentos nucleares, considerando-os uma afronta à humanidade.
O Impacto Humanitário das Armas Nucleares
A Santa Sé recorda o 80º aniversário dos bombardeios nucleares de Hiroshima e Nagasaki, reiterando seu compromisso com os princípios fundadores das Nações Unidas e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). As armas nucleares são consideradas indiscriminadas, desproporcionais e incapazes de resolver os problemas de segurança nacional ou internacional. Um grande confronto nuclear teria um impacto irreparável e devastador, resultando em perdas de vidas humanas sem precedentes.
A Posição da Santa Sé na AIEA
Na 69ª Conferência Geral da AIEA, a Santa Sé apelou ao fim da proliferação nuclear e criticou o investimento em armamentos. A delegação do Vaticano enfatizou que a obrigação de providenciar a própria defesa não deve se transformar em uma corrida ao rearmamento. A Santa Sé considera que a AIEA é um modelo de multilateralismo, crucial em um mundo cada vez mais fragmentado.
O Multilateralismo como Caminho para a Paz
O Arcebispo Paul Gallagher instou o Conselho de Segurança da ONU a monitorar de perto o progresso científico e tecnológico, garantindo que os debates sobre paz e segurança levem em consideração tanto as oportunidades quanto os perigos. A Santa Sé defende uma abordagem centrada no ser humano para o desenvolvimento e uso de tecnologias emergentes, especialmente na esfera militar, para que as armas não substituam o julgamento humano em questões de vida ou morte.
O Apelo do Papa Leão XIV
O Papa Leão XIV tem criticado a “corrida armamentista” e a “lógica da opressão”, defendendo que, numa época dilacerada por conflitos e violência, não devemos desanimar nem nos resignar. Ele apelou aos jovens para que sejam sinais de esperança, enraizada no amor de Cristo, e contribuam para a coexistência pacífica dos povos. O Papa tem expressado preocupação com o aumento significativo dos gastos militares no mundo, instando a um renovado empenho no diálogo multilateral e na implementação resoluta dos tratados de desarmamento.
A Santa Sé continua a apelar à comunidade internacional para que abandone a lógica da dissuasão nuclear e abrace um futuro de paz, justiça e fraternidade.