Taxação de Transações de R$ 5 Mil: Entenda os Rumores e Fatos

Governo Lula: Taxação de Transações de R$ 5 Mil é Fake News
A notícia sobre uma suposta nova taxação do governo federal sobre transações financeiras, como o Pix, que ultrapassem o valor de R$ 5 mil, trata-se de uma informação falsa que circulou amplamente nas redes sociais. O boato ganhou força após a Receita Federal emitir uma instrução normativa que previa o aumento do monitoramento de transações de alto valor, mas que foi mal interpretada como a criação de um novo imposto.
A desinformação levou o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a Receita Federal a virem a público para desmentir categoricamente a taxação. A polêmica girou em torno da Instrução Normativa RFB 2219/2024, que estabelecia a obrigatoriedade de instituições financeiras reportarem ao Fisco movimentações mensais de pessoas físicas (PF) acima de R$ 5 mil e de pessoas jurídicas (PJ) acima de R$ 15 mil. A medida, no entanto, foi revogada pelo governo após a repercussão negativa e a proliferação de notícias falsas.
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Origem da Desinformação: Monitoramento Fiscal vs. Novo Imposto
A confusão entre fiscalização e tributação foi o cerne da desinformação. A Instrução Normativa 2219/2024, que entrou em vigor em janeiro de 2025, estabelecia que as instituições financeiras e de pagamento deveriam reportar à Receita Federal o somatório das transações mensais de seus clientes. O objetivo declarado da medida era combater a sonegação fiscal e a lavagem de dinheiro, alinhando a fiscalização de transações digitais àquelas já existentes para outros meios de pagamento.
No entanto, a notícia falsa que se espalhou sugeria que o valor de R$ 5 mil seria o limite para a isenção de um novo imposto, com alíquotas de até 27,5% (a alíquota máxima do Imposto de Renda) sobre o valor excedente. Essa interpretação foi desmentida pela Receita Federal, que esclareceu que as regras de monitoramento não alteram as regras de tributação. O Pix, por exemplo, é um meio de pagamento e não pode ser taxado diretamente, segundo a Constituição Federal.
A Receita Federal enfatizou que o monitoramento de transações acima de R$ 5 mil não significava que o contribuinte seria automaticamente taxado. A medida visava apenas fornecer dados para que o Fisco pudesse identificar possíveis inconsistências na declaração de Imposto de Renda, investigando casos de incompatibilidade entre a renda declarada e as movimentações financeiras do indivíduo ou empresa.
Repercussão e Revogação da Norma
A onda de desinformação gerou pânico entre os usuários e, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), chegou a provocar uma queda no número de transações via Pix em algumas semanas. Em resposta à repercussão negativa, o governo federal recuou e revogou a Instrução Normativa 2219/2024. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, garantiu que “nada muda” no serviço de pagamentos instantâneos e que o objetivo das medidas era apenas reforçar a atuação contra o crime organizado.
A revogação da norma buscou acalmar a população e desvincular o governo da ideia de criar um imposto sobre transações financeiras, algo que remete à antiga CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), cuja volta é frequentemente negada pelo presidente Lula e pelo ministro Haddad.
Contexto Fiscal: Outras Mudanças Tributárias em Debate
Apesar de não haver uma taxação direta sobre transações de R$ 5 mil, o governo Lula tem buscado aumentar a arrecadação por meio de outras propostas de reforma tributária e ajustes fiscais. Uma das principais frentes de debate é a reforma tributária sobre o consumo, que unifica impostos como ICMS e ISS no Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e na Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
Outra discussão relevante é a proposta de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em algumas modalidades de crédito e câmbio. O governo defendeu o aumento do IOF como uma forma de cumprir as metas fiscais e aumentar a arrecadação, mas a medida enfrentou forte resistência no Congresso e no setor financeiro. O presidente Lula chegou a defender a medida, argumentando que o objetivo era promover uma justiça tributária, fazendo com que “quem ganha mais, pague mais”.
Além disso, a regulamentação da reforma tributária prevê o mecanismo de “split payment”, que permite o recolhimento automático de tributos no momento da transação eletrônica. No entanto, essa medida é voltada para a cobrança dos novos impostos (IBS/CBS) devidos por empresas e não representa uma taxação de transações de pessoas físicas como a que foi alvo dos boatos.
