Trump defende tarifas: ‘Sem elas, seríamos país de terceiro mundo’

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, justificou sua política tarifária, afirmando que, sem as tarifas impostas a países como a China, os EUA não conseguiriam manter a liderança em áreas estratégicas como inteligência artificial (IA), proteger investimentos e atrair novas empresas. “Se tirássemos tarifas, seríamos país de terceiro mundo”, declarou a repórteres.
Justificativa de Trump
Segundo Trump, as tarifas estão incentivando empresas, principalmente dos setores automotivo e de IA, a transferir parte de sua produção para os Estados Unidos, deixando países como China, México e Canadá. Ele reiterou que a China precisa mais dos EUA do que o contrário.
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Impacto das tarifas na economia
A imposição de tarifas por Trump tem gerado debates e análises sobre seus efeitos na economia global e americana. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê uma desaceleração no crescimento global e no Brasil devido às tarifas de Trump. Em 2025, os Estados Unidos aumentaram suas tarifas bilaterais sobre praticamente todos os seus parceiros comerciais, elevando a taxa efetiva de tarifas sobre as importações de mercadorias para 19,5%, o nível mais alto desde 1933.
A OCDE aponta que as tarifas elevadas são um dos principais desafios para o comércio internacional e que o impacto total ainda não foi totalmente sentido pelas economias. Inicialmente, as empresas absorveram parte dos aumentos das tarifas por meio de margens de lucro mais altas, mas os consumidores podem começar a sentir o peso desses aumentos nos preços dos produtos, especialmente em bens duráveis.
Efeitos nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o crescimento projetado para 2025 é de 1,8%, uma queda substancial em relação aos 2,8% de 2024. As tarifas mais altas, a queda no número de imigração líquida e as incertezas políticas são os principais fatores que impulsionam essa desaceleração.
Analistas de mercado têm visões diversas sobre o impacto das tarifas nos planos de Trump de reduzir a dívida pública. Alguns setores da economia americana também expressam preocupação com os efeitos das tarifas.
Reações e tensões comerciais
As políticas tarifárias de Trump têm gerado tensões comerciais com diversos países. O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, chegou a afirmar que é preciso “consertar” o Brasil para que o país deixe de adotar medidas que prejudicam a economia norte-americana. Ele criticou o déficit comercial dos EUA com países como Suíça e Brasil, defendendo que esses países abram seus mercados e parem de prejudicar os Estados Unidos.
Trump elevou as tarifas contra a China para 125% devido à “falta de respeito que a China demonstrou pelos mercados mundiais”. No entanto, também declarou uma pausa de 90 dias na aplicação de novas tarifas para alguns países, que agora terão uma taxa reduzida de 10%.
Novas tarifas e produtos afetados
Trump anunciou novas tarifas que entrarão em vigor em 1º de outubro, incluindo uma taxa de 100% sobre produtos farmacêuticos importados, a menos que a empresa farmacêutica esteja construindo uma fábrica nos EUA. Além disso, tarifas sobre caminhões pesados e alguns tipos de móveis também serão implementadas.
Críticas e alertas
O economista e Prêmio Nobel da Economia, Joseph E. Stiglitz, criticou as políticas comerciais de Trump, afirmando que elas geram o caos econômico, enfraquecem o Estado de direito e minam os direitos de propriedade intelectual. Ele alertou que as taxas aduaneiras de Trump são um desastre e lamentou que a Europa tenha desistido de negociar com o presidente dos EUA.
Especialistas em economia política e desenvolvimento econômico questionam se o tarifaço de Trump é capaz de reindustrializar os Estados Unidos, como prometido. Eles apontam que a política de tarifas dificilmente reverterá um processo que começou na década de 1970.