Trump Publica Vídeo com IA Zombando de Manifestantes com Fezes

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou polêmica ao publicar um vídeo feito com inteligência artificial (IA) em sua rede social Truth Social, onde aparece zombando de manifestantes. No vídeo, Trump é retratado pilotando um avião militar com uma coroa na cabeça e lançando o que parecem ser fezes sobre os manifestantes. A publicação ocorreu após uma série de protestos em diversas cidades dos EUA e da Europa, organizados sob o lema “No Kings” (“Sem Reis”).
Contexto dos Protestos “No Kings”
Os protestos “No Kings” representaram uma das maiores mobilizações desde o retorno de Trump à Casa Branca. Milhões de pessoas participaram de manifestações em cidades como Nova York, Los Angeles, Chicago, Londres, Berlim e Paris. Os manifestantes expressaram preocupação com o que consideram uma escalada autoritária do governo Trump, criticando cortes de verbas federais, a crise fiscal decorrente da paralisação do governo (shutdown) e o uso de tropas federais em cidades governadas pela oposição.
Os participantes carregavam cartazes com a frase “We, the people” (“Nós, o povo”), uma referência ao preâmbulo da Constituição dos EUA, e realizaram performances artísticas e fantasias que criticavam o estilo de governo do republicano. O uso da figura de um “rei” nas manifestações simboliza o temor de uma expansão dos poderes presidenciais e o enfraquecimento dos freios constitucionais que sustentam a democracia americana.
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O Vídeo de Trump e a Reação
No vídeo publicado por Trump, ele aparece pilotando um avião militar com os dizeres “King Trump” (“Rei Trump”) na lateral, enquanto usa uma coroa dourada. A aeronave sobrevoa manifestantes e lança o que se assemelha a fezes sobre eles. A escolha da música “Danger Zone”, famosa pela trilha sonora do filme Top Gun, adiciona um elemento de ironia à produção.
A publicação gerou diversas reações. O próprio Trump, em entrevista à Fox News, tentou minimizar as críticas de autoritarismo, afirmando: “Estão se referindo a mim como rei. Eu não sou um rei”. O Partido Republicano também minimizou os protestos, classificando-os como “movimentos antiamericanos”.
Analistas interpretam o vídeo como uma tentativa de Trump de transformar as críticas em uma narrativa de poder, fortalecendo a percepção de perseguição contra ele e mantendo o engajamento de seus apoiadores. A reação do público foi mista, com apoiadores do ex-presidente compartilhando o vídeo e celebrando a atitude, enquanto críticos condenaram a publicação como inadequada e divisiva.
Repercussão e Críticas
O vídeo de Trump também gerou críticas de figuras públicas e especialistas. O cantor Kenny Loggins, cuja música “Danger Zone” foi utilizada no vídeo, exigiu a remoção da canção, afirmando que não autorizou o uso e que não deseja que sua música seja associada a algo que divide a população.
Especialistas em ética e política alertaram para os perigos do uso de deepfakes e conteúdos gerados por IA em campanhas e debates públicos, ressaltando os riscos de desinformação e manipulação. A apresentadora Sunny Hostin, do programa The View, classificou a ação de Trump como “não presidencial”, destacando os riscos de normalizar comportamentos controversos.
Análise da CNN
O analista de Internacional da CNN, Lourival Sant’Anna, avaliou que a publicação do vídeo revela que as manifestações abalaram o presidente Trump. Segundo Sant’Anna, Trump postou outros nove vídeos além do vídeo com as fezes, mostrando a importância que ele deu aos protestos. O analista observou que Trump tem se entrincheirado no eleitorado que o acompanha e que gosta de atitudes mais extremas.
O episódio demonstra a crescente tensão política nos Estados Unidos e a polarização da sociedade, com Trump utilizando a inteligência artificial para atacar seus opositores e reforçar sua base de apoio.
