IA e Deepfakes: Ameaça nas Eleições

A inteligência artificial (IA) e os deepfakes representam uma crescente ameaça à lisura das eleições, com o potencial de manipular eleitores através de vídeos e áudios falsos. O uso de deepfakes, vídeos manipulados que podem ser confundidos com a realidade, tem se tornado mais frequente e eficaz, especialmente em campanhas eleitorais.
O que são Deepfakes e como são usados?
Deepfakes são conteúdos sintéticos em formato de áudio e vídeo, gerados ou manipulados digitalmente para criar, substituir ou alterar a imagem ou voz de uma pessoa. Essas técnicas utilizam imagens e sons reais, substituindo rostos e vozes em vídeos, com falas e ações descontextualizadas e manipuladas, com o objetivo de enganar os eleitores. A extrema direita tem sido apontada como um dos grupos que mais utilizam essas técnicas.
Veja também:
Regulamentação e Proibição
Em fevereiro de 2024, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu o uso de IA e deepfakes em eleições, definindo deepfake como “conteúdo sintético em formato de áudio, vídeo ou combinação de ambos, que tenha sido gerado ou manipulado digitalmente, ainda que mediante autorização, para criar, substituir ou alterar imagem ou voz de pessoa vida, falecida ou fictícia”. Essa medida visa proteger o processo eleitoral de manipulações e desinformação.
Exemplos de Uso de Deepfakes
Na Argentina, durante a campanha eleitoral de 2023, vídeos manipulados com IA foram utilizados para prejudicar candidatos, como mostrar um candidato cheirando cocaína. No Brasil, durante a eleição de 2018, o WhatsApp foi usado para difundir mentiras e notícias falsas em benefício de candidatos.
O Papel das Big Techs e Algoritmos
As big techs e os sistemas de algoritmos, com o uso da IA, aprimoraram a capacidade de coletar, tratar e analisar informações obtidas nas plataformas. Essas plataformas filtram os dados, analisam os comportamentos dos usuários e os inserem em “bolhas” de pessoas semelhantes, que podem ser manipuladas nas redes sociais, serviços de buscas e lojas virtuais.
A Disseminação de Mentiras e a Ignorância
A ignorância continua sendo um dos maiores fatores de proliferação de mentiras. É importante conhecer as principais características dos vídeos que devem ser observadas para evitar se tornar uma vítima: movimentos irregulares, alterações na iluminação de um quadro para outro, mudanças no tom da pele das pessoas, piscadas estranhas ou ausência de piscadas, lábios não sincronizados com a fala ou artefatos digitais na imagem.
Ações e Desafios
Apesar da legislação e das resoluções do TSE, o uso de IA e deepfakes continua sendo um desafio para a Justiça Eleitoral. A fiscalização e a punição de um número gigantesco de postagens, especialmente quando difundidas em grupos fechados, são difíceis de serem realizadas. A transparência nos processos e a divulgação dos resultados das investigações são importantes para dissuadir o uso criminoso dessas ferramentas.
Conclusão
O uso de tecnologia para fins eleitorais com o objetivo de mentir e manipular os eleitores coloca sob suspeição a lisura das eleições. A Justiça Eleitoral precisa estar preparada para impedir o uso e a disseminação dessas práticas, garantindo a integridade do processo democrático.