BRICS propõem rede climática e cooperação em IA

Cientistas dos países do BRICS propuseram a criação de uma rede de soluções climáticas e o desenvolvimento de programas conjuntos em inteligência artificial (IA). A proposta foi um dos principais pontos da declaração conjunta divulgada após o Fórum de Academias de Ciências do BRICS, realizado no Rio de Janeiro.
Foco na transição energética e governança global
A rede de soluções climáticas proposta pelos cientistas do BRICS tem como foco o desenvolvimento de tecnologias para a transição energética. O objetivo é acelerar a adoção de fontes de energia mais limpas e sustentáveis, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e mitigando os efeitos das mudanças climáticas.
Além disso, a declaração conjunta ressalta o potencial do BRICS para estabelecer uma nova ordem mundial multipolar. Os cientistas argumentam que o bloco, especialmente após a recente expansão, tem um papel fundamental a desempenhar na governança global, promovendo a cooperação e o desenvolvimento em diversas áreas.
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Ampliação do BRICS e parcerias estratégicas
O BRICS é atualmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Recentemente, o bloco expandiu-se, incluindo Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Além dos membros oficiais, o BRICS conta com a participação de países parceiros, como Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.
A ampliação do BRICS demonstra o crescente interesse de diversos países em fortalecer a cooperação Sul-Sul e buscar alternativas para a governança global. A inclusão de novos membros e parceiros pode impulsionar o desenvolvimento de soluções inovadoras para os desafios globais, como as mudanças climáticas e a transição energética.
Cooperação científica e tecnológica
Os participantes do Fórum de Academias de Ciências do BRICS também propuseram a criação de uma estrutura formal de cooperação científica para parcerias de longo prazo entre universidades, centros de pesquisa e redes de inovação nos países do bloco. O objetivo é fortalecer a colaboração em áreas estratégicas, como energia limpa, inteligência artificial, biotecnologia e sustentabilidade ambiental.
Os cientistas alertaram para a existência de uma lacuna significativa na cooperação científica e tecnológica entre os países do BRICS. Eles argumentam que os níveis atuais de publicações conjuntas e inovação ainda são insuficientes diante do potencial do grupo. Para superar essa lacuna, é necessário um esforço coordenado e deliberado, com o objetivo de promover o intercâmbio de conhecimento, o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e a formação de redes de pesquisa.
Desafios globais e desigualdades
A declaração conjunta das academias científicas enfatiza que, em um mundo fragmentado por barreiras comerciais, conflitos geopolíticos e degradação ambiental, é essencial fortalecer a solidariedade entre as nações. Os cientistas defendem que a cooperação é fundamental para acelerar o progresso em áreas como saúde, desenvolvimento humano, prosperidade econômica, justiça social, bem-estar cultural, paz e resiliência planetária.
A presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, destacou o compromisso da comunidade científica em contribuir para o enfrentamento dos desafios globais, com propostas fundamentadas no conhecimento, na solidariedade e na valorização da diversidade cultural, biológica e social. Ela ressaltou a importância de enfrentar as desigualdades persistentes e as emergências ambientais, que afetam de forma desproporcional os países do Sul Global.
Próximos passos
As propostas apresentadas no Fórum de Academias de Ciências do BRICS serão levadas em consideração na cúpula dos líderes do BRICS, que será realizada no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho. A expectativa é que os chefes de Estado e de governo dos países do bloco discutam as iniciativas propostas e definam as prioridades para a cooperação futura.
A criação de uma rede de soluções climáticas e o desenvolvimento de programas conjuntos em inteligência artificial podem representar um importante passo para o fortalecimento da cooperação científica e tecnológica entre os países do BRICS. Essas iniciativas têm o potencial de impulsionar o desenvolvimento de soluções inovadoras para os desafios globais, promovendo um futuro mais sustentável e equitativo.