IA ‘terapeuta’: Alerta sobre riscos à saúde mental

A inteligência artificial (IA) tem ganhado espaço em diversas áreas, incluindo a saúde mental, com aplicativos e chatbots que simulam terapeutas. No entanto, especialistas alertam para os riscos psicológicos associados ao uso indiscriminado dessas ferramentas. Um estudo da Harvard Business Review previu que, em 2025, o uso da IA para ‘terapia’ e ‘companheirismo’ superaria aplicações criativas e produtivas. Embora a IA possa oferecer acessibilidade e conveniência, a falta de empatia genuína e a incapacidade de lidar com a complexidade das emoções humanas geram preocupações.
O Crescimento da IA na Saúde Mental
A IA está sendo utilizada em aplicativos de saúde mental para diversas finalidades:
- Chatbots terapêuticos: Oferecem suporte emocional e técnicas de reestruturação cognitiva.
- Aplicativos de meditação: Personalizam práticas de mindfulness com base no humor e histórico do usuário.
- Plataformas de terapia online: Facilitam o encontro entre pacientes e terapeutas, além de oferecerem suporte contínuo.
Essas ferramentas podem ser úteis para o autoconhecimento, regulação emocional e criação de hábitos saudáveis, mas não substituem o acompanhamento clínico de profissionais qualificados.
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Riscos e Desafios Éticos
Apesar dos benefícios potenciais, a utilização da IA como ‘terapeuta’ apresenta diversos riscos:
- Falta de empatia e compreensão emocional: A IA pode simular compreensão, mas não sente emoções genuínas, o que pode ser prejudicial em situações delicadas.
- Risco de diagnósticos incorretos: A IA pode levar a autodiagnósticos equivocados, atrasando a busca por ajuda profissional adequada.
- Privacidade e segurança de dados: Informações pessoais e sensíveis podem ser interceptadas ou acessadas por pessoas não autorizadas.
- Desumanização do cuidado: A dependência excessiva da IA pode reduzir a conexão humana e aprofundar a solidão.
- Responsabilidade por erros: A falta de responsabilização legal em caso de erros de diagnóstico ou tratamento é uma preocupação.
- Vieses nos algoritmos: Se os dados utilizados para treinar a IA refletirem preconceitos sociais, a ferramenta pode perpetuar desigualdades.
Regulamentação e o Papel do Conselho Federal de Psicologia
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem se mostrado preocupado com o uso da IA para fins terapêuticos e criou um grupo de trabalho para analisar e regulamentar essas ferramentas. O objetivo é garantir que a IA seja desenvolvida por profissionais habilitados, dentro de técnicas reconhecidas, e que a população seja informada sobre os riscos envolvidos.
O CFP ressalta que a procura por ‘terapia’ com IA pode gerar uma falsa percepção de estar em um processo psicoterapêutico, o que pode ser prejudicial. A conselheira Maria Carolina Roseiro alerta que a IA pode induzir pessoas a situações de risco, especialmente se não for desenvolvida para fins terapêuticos.
Alternativas e Recomendações
É importante que os usuários compreendam as limitações da IA e busquem informações claras sobre as capacidades e riscos das ferramentas. As plataformas devem ser transparentes e deixar claro que não substituem a terapia humana, especialmente em casos de crise ou condições graves.
A IA pode ser utilizada como um complemento ao tratamento tradicional, auxiliando na triagem de pacientes, oferecendo suporte emocional inicial e ampliando o acesso a serviços de saúde mental. No entanto, a tecnologia não deve substituir a conexão humana, a empatia e a intuição de um terapeuta treinado.
Em vez de demonizar a tecnologia, é preciso utilizá-la de forma consciente e ética, priorizando a segurança do usuário e o desenvolvimento de IAs responsáveis. A educação e a conscientização são fundamentais para garantir que a IA seja utilizada para promover o bem-estar e minimizar danos.
O Futuro da IA na Saúde Mental
A IA tem o potencial de transformar a saúde mental, mas é fundamental que seu desenvolvimento e implementação sejam guiados por princípios éticos e regulamentações claras. A tecnologia deve ser vista como uma ferramenta para aumentar as capacidades dos profissionais de saúde e ampliar o acesso ao cuidado, e não como um substituto para o contato humano.
Espera-se que, no futuro, a IA atue como um assistente inteligente, automatizando tarefas rotineiras, fornecendo insights baseados em dados e liberando os profissionais para se dedicarem a interações mais profundas e complexas com os pacientes. A colaboração entre profissionais de saúde, pesquisadores e desenvolvedores de tecnologia é essencial para garantir que a IA seja utilizada de forma ética e responsável, promovendo o bem-estar e a saúde mental da população.