Golpe da Fé: Call Center Usava IA e Lucrava R$ 3 Milhões

A Polícia Civil do Rio de Janeiro desmantelou um esquema criminoso que utilizava inteligência artificial (IA) para enganar fiéis, operando um ‘call center da fé’ em Nilópolis, na Baixada Fluminense. A operação resultou na prisão de 35 pessoas, incluindo um pastor, e revelou um faturamento de cerca de R$ 3 milhões por ano.
Como Funcionava o Golpe
O grupo criminoso entrava em contato com as vítimas por telefone, oferecendo orações personalizadas em troca de dinheiro. Os atendentes seguiam roteiros predefinidos para abordar os fiéis, prometendo curas e milagres. Após a vítima aceitar a oração, era solicitado um pagamento, geralmente de R$ 50, via Pix ou boleto bancário, em nome da esposa do pastor envolvido.
Com o pagamento confirmado, os golpistas utilizavam ferramentas de inteligência artificial para gerar os textos das orações, adaptando-os às necessidades relatadas por cada vítima. Essa personalização, no entanto, era apenas uma estratégia para aumentar a confiança e explorar a vulnerabilidade emocional dos fiéis.
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Estrutura do Call Center
A delegada Isabelle Conti, titular da 57ª DP, informou que o ‘call center da fé’ funcionava como uma empresa, com metas agressivas de arrecadação. Os funcionários tinham objetivos diários de R$ 1.500 por equipe e R$ 135 por operador, além de um ranking dos maiores arrecadadores. A polícia apreendeu computadores, roteiros de atendimento, documentos e celulares utilizados no esquema.
Os textos gerados pela IA continham mensagens genéricas, como ‘Deus não une pessoas, Deus une propósitos’ e ‘nunca subestime o que pode acontecer quando você ora com lágrimas sinceras’, frases vagas que se encaixavam em qualquer contexto pessoal.
Investigações e Próximos Passos
Os 35 detidos foram liberados mediante fiança e responderão por associação criminosa. A Polícia Civil continua a investigação para identificar outros administradores e beneficiários do golpe, que já atuava há pelo menos dois anos. As autoridades alertam para que outras vítimas procurem a delegacia de Nilópolis para registrar a ocorrência.
Alerta Contra Golpes Religiosos
Especialistas alertam para a importância de desconfiar de cobranças por serviços religiosos e de promessas de milagres mediante pagamento. Serviços religiosos sérios não cobram taxas urgentes por orações ou milagres. É fundamental proteger a fé e o patrimônio, denunciando qualquer suspeita de fraude.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro faz um apelo para que as vítimas procurem a delegacia para registrar a ocorrência. Não permita que a fé seja usada como isca.
Outros Casos Semelhantes
A prisão do grupo ocorre em meio a outros casos semelhantes de estelionato religioso, como o do autointitulado “Profeta Santini”, acusado de crimes como charlatanismo e estelionato. Santini chegou a faturar R$ 3 milhões em apenas três meses com falsas promessas de cura.
Este caso expõe como criminosos estão diversificando táticas, explorando vulnerabilidades emocionais com ferramentas digitais cada vez mais sofisticadas.